A privação do sono é a remoção ou supressão parcial do sono, condição que pode causar diversas alterações no organismo, como endócrinas, metabólicas, físicas, cognitivas, neurais, e modificações na arquitetura do sono. Em conjunto, há o comprometimento da saúde e da qualidade de vida do sujeito nessas condições. Já o exercício físico praticado regularmente promove benefícios como melhora do aparato cardiovascular, respiratório, endócrino, muscular e humoral; além disso, pode melhorar a qualidade do sono. Entretanto, a associação desses dois parâmetros ainda não tem sido bem explorada, em parte pela dificuldade de conseguir voluntários que se submetam a essa condição, principalmente sem nenhum tipo de compensação financeira. A maioria dos estudos que investigaram o binômio exercício físico e privação de sono focou os efeitos no desempenho aeróbio. Embora ainda existam controvérsias, os estudos apontam para pequena ou nenhuma alteração desse parâmetro quando as duas situações se fazem presentes. Em relação à potência anaeróbia e força, não têm sido encontradas alterações significativas. Mas para eventos prolongados parece haver uma interação entre a privação de sono e o exercício físico, o que sugere um mecanismo de proteção. Entretanto é importante considerar que uma das alterações mais importantes causadas pela privação do sono é o aumento na percepção subjetiva, que por si só já representa um fator para diminuição e comprometimento do desempenho físico. Pode representar também um elemento de “masca-ramento” dos efeitos deletérios da privação. Assim, o objetivo da revisão “Privação de sono e exercício físico”, dos pesquisadores Hanna Karen M. Antunes, Monica L. Andersen, Sergio Tufik e Marco Tulio de Mello, da Universidade Federal de São Paulo, é o de discutir os diferentes aspectos da relação entre o exercício físico e a privação de sono, evidenciando seus efeitos e reflexos no desempenho físico.
Revista Brasileira de Medicina do Esporte – v. 14 – nº 1 – Niterói – jan./fev. 2008
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