A edição de 18 de agosto da revista Business Week, edição especial sobre o Vale do Silício, na Califórnia, publicou artigo do jornalista Steve Hamm, com o sugestivo título Por que as mulheres são tão invisíveis?, no qual trata da pequeníssima presença de mulheres nos cargos executivos de empresas de tecnologia de ponta do Vale, seja como assalariadas ou proprietárias.
Citando dados da CorpTech, uma companhia editora de Woburn, Massachussets, Hamm afirma que entre as 1.686 maiores companhias de tecnologia do Vale apenas 5,6% têm mulheres em cargo de chefia. Uma única mulher, Carol Bartz, é a principal executiva de uma grande empresa, a Autodesk Inc. E dá, entre outros, o depoimento de Anita Borg, uma pesquisadora sênior da Digital Equipment, em Palo Alto, segundo a qual as idéias das mulheres são subestimadas ou ignoradas. “A gente bate com sexismo sutil todos os dias. É como a tortura do pingo d’água. Vai desgastando aos poucos”, disse ela.
Talvez por isso, menos mulheres estão procurando se formar em Ciências da Computação, nos Estados Unidos, segundo o artigo. Em 1984, 37,1% das graduações universitárias na área eram de mulheres, de acordo com dados do Centro Nacional para Estatística da Educação. Onze anos depois, o índice havia caído para 28,4%.
Com poucas perspectivas de ascensão profissional, a alternativa de muitas tecnólogas do Vale do Silício tem sido criar sua própria empresa, o que vem acontecendo em maior número nos últimos três anos. Mesmo assim, elas enfrentam enormes dificuldades para conseguir financiamento, mesmo que possuam doutorado, experiência e competência comprovada, e excelentes projetos. “Entre 1991 e o terceiro trimestre de 1996”, escreve Steve Hamm, “as companhias criadas e dirigidas por mulheres receberam apenas 1,6% dos US$ 33,5 bilhões de capital de risco investidos em tecnologia”.
E como anda a participação das mulheres na coordenação de projetos de pesquisa científica e tecnológica no Brasil? No âmbito da FAPESP, 18% dos projetos temáticos realizados entre 1990 e 1995, e já encerrados, eram coordenados por mulheres; entre os que estão em andamento, 21% estão sob a coordenação de mulheres.
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