Evidências indicam que pacientes com transtornos mentais têm elevada prevalência de infecções sexualmente transmissíveis, mas os dados brasileiros são escassos. O objetivo do estudo “Prevalência de HIV, sífilis, hepatites B e C entre adultos com transtornos mentais: um estudo multicêntrico no Brasil” foi determinar a prevalência do HIV, hepatites C e B, e sífilis entre pacientes com transtornos mentais no Brasil. Os autores do trabalho são Mark Drew Crosland Guimarães, Lorenza Nogueira Campos, Ana Paula Souto Melo, Carla Jorge Machado e Francisco de Assis Acurcio, da Universidade Federal de Minas Gerais, e Ricardo Andrade Carmo, do Hospital Eduardo de Menezes, da Secretaria Estadual de Saúde de Minas Gerais. Uma amostra representativa de pacientes adultos com transtornos mentais foi aleatoriamente selecionada de instituições públicas de saúde mental no Brasil. Dos 2.475 pacientes entrevistados, 2.238 tiveram sangue coletado. A maioria era sexualmente ativa ao longo da vida (88,8%) ou nos últimos seis meses (61,4%), do gênero feminino (51,9%), solteira (66,6%), com metade dos participantes com menos de cinco anos de escolaridade e renda média mensal baixa individual (US$ 210). Uso de preservativo foi baixo em toda a vida (8%) ou nos últimos seis meses (16%). As soroprevalências gerais foram 1,12%, 0,80%, 1,64%, 14,7% e 2,63% para, respectivamente, sífilis, HIV, HBsAg, anti-HBc e anti-HCV. As taxas encontradas são maiores do que em outros estudos com populações representativas no Brasil, com altos índices de comportamento sexual de risco. Segundo os autores, a situação é preocupante e estratégias de prevenção devem ser urgentemente implementadas pelos serviços de saúde.
Revista Brasileira de Psiquiatria – vol. 31 – nº 1 – São Paulo – março 2009
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