O sanitarista Oswaldo Cruz viveu apenas 44 anos, mas aproveitou cada instante para aprender e participar ativamente da vida do país. A começar pela tese com a qual se doutorou, aos 20 anos. No final do século 19, os candidatos a médico matriculavam-se nos raros cursos disponíveis e tinham de preparar, escrever e defender uma tese para serem aprovados ao final de seis anos. Paulista de São Luís de Paraitinga, mas criado no Rio de Janeiro, Cruz decidiu-se pela medicina aos 14 anos. Aos 20 estava formado, sabendo exatamente o que queria fazer da vida.
“Desde o primeiro dia que nos foi facultado admirar o panorama encantador que se divisa quando se coloca os olhos na ocular de um microscópio (…) enraizou-se em nosso espírito a idéia de que os nossos esforços intelectuais d’ora em diante convergiriam para que nos instruíssemos, nos especializássemos n’uma ciência que se apoiasse na microscopia”, afirma Oswaldo Cruz no primeiro parágrafo da tese A Veiculação Microbiana pela Água, defendida em 8 de novembro de 1892 na Faculdade de Medicina do Rio e publicada há 110 anos. No mesmo trabalho, o patrono da Fundação Oswaldo Cruz e do sanitarismo brasileiro apresentava um aparelho inventado por ele para coletar água do solo coma menor contaminação possível, uma alternativa a máquinas estrangeiras que ele considerava ruins.
Foi só o começo de uma trajetória brilhante que contou com a colaboração de uma nova geração de cientistas, como Carlos Chagas, Adolpho Lutz, Vital Brazil e Henrique da Rocha Lima, entre outros. Cruz estudou no Instituto Pasteur (de 1896 a 1899), fundou o Instituto Soroterápico (1900), futuro Instituto Oswaldo Cruz, e tornou-se diretor-geral de Saúde Pública (1903) aos 30 anos. Seu trabalho foi fundamental em campanhas para combater as epidemias da época. Neste ano, será possível conhecer mais sobre o cientista. A Fundação Banco do Brasil, a Odebrecht e a Casa de Oswaldo Cruz criaram uma exposição que percorrerá municípios de todo o Brasil. Mais informações: cidadania-e@fbb.org.br.
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