Foi inaugurado no dia 5 de abril um telescópio russo no Observatório do Pico dos Dias, em Brasópolis, Minas Gerais. O equipamento será usado no monitoramento de lixo espacial, como pedaços de foguetes, satélites e outros resíduos que pairam em órbita próxima à Terra. A instalação é resultado de um acordo assinado no ano passado entre o Laboratório Nacional de Astrofísica (LNA) e a Agência Espacial Brasileira (AEB) e a Roscosmos, agência espacial russa, que se comprometeu a fazer um investimento estimado em R$ 10 milhões. Como contrapartida, o Brasil disponibiliza o local e a logística do observatório para a operação do telescópio, que ficará a cargo do LNA. O equipamento será capaz de detectar detritos medindo a partir de 12 centímetros e que estejam em órbita baixa, entre 120 e 50 mil quilômetros. Segundo a Roscosmos, em uma noite é possível detectar, em média, 800 detritos espaciais. “A agência russa e a Nasa, dos Estados Unidos, estão investindo nesse tipo de monitoramento para prevenir colisões dos detritos com novos satélites, foguetes e estações espaciais”, explica Bruno Castilho, diretor do LNA. Estima-se que haja em órbita mais de 700 mil peças de sucata espacial. Em 2009, por exemplo, o satélite US Iridium 33, que estava ativo, colidiu com o satélite inativo Russian 2251. De acordo com Castilho, a escolha do Brasil para abrigar o telescópio atende uma necessidade técnica.“Há um equipamento específico para esse fim na Rússia, mas que só monitora o céu do hemisfério Norte. Era preciso instalar um similar no hemisfério Sul e o Brasil foi o primeiro a ser procurado, já que as agências espaciais de ambos os países têm acordos desde a década de 1990”, explica.
Republicar