Este suplemento especial que circula com a edição 192 de Pesquisa FAPESP reúne 10 reportagens que a revista publicou, de abril a novembro do ano passado, todas elaboradas pela editora Maria Guimarães, sobre as mesas-redondas do Ciclo de Conferências Ano Internacional da Química 2011, promovido pela Sociedade Brasileira de Química (SBQ) e FAPESP. Traz também uma entrevista com a química francesa Nicole Moreau, presidente em 2010 e 2011 da União Internacional de Química Pura e Aplicada (Iupac), organizadora, junto com a Unesco, dos eventos que o ano da química estimulou no mundo inteiro. E, de presente para o leitor, o suplemento encarta um DVD com os vídeos produzidos por Tiago Marconi, cujas imagens oferecem uma ideia essencial de cada uma das 33 palestras que garantiram impressionante densidade e diversidade de conteúdo às mesas-redondas do ciclo.
Tudo findo e concebendo o suplemento como uma contribuição didática às reflexões sobre o que é esta ciência chamada química, lembro o jeito tão prático e tranquilo com que o projeto nasceu. Foi no segundo semestre de 2010 que a professora Vanderlan Bolzani, recém-saída da presidência da Sociedade Brasileira de Química (SBQ), me procurou para uma conversa sobre formas possíveis de Pesquisa FAPESP participar do programa de palestras sobre o ano da química.
No final de 2010, Vanderlan enviou à diretoria científica da Fundação uma proposta de apoio ao ciclo (modalidade Organização de Reunião Científica e/ou Tecnológica), enquanto a revista encaminhava a seu coordenador científico, Luiz Henrique Lopes dos Santos, um projeto editorial de divulgação das palestras. As duas propostas foram aprovadas. A SBQ já confirmara também seu patrocínio. Os palestrantes convidados – respeitados protagonistas da pesquisa no país – foram extraordinariamente receptivos e assim estava pronta a receita para que a iniciativa fosse um sucesso.
Mas o componente surpreendente que deu sabor especial às exposições e debates sobre a química no auditório da FAPESP foi a presença, a partir do terceiro encontro do ciclo, de um grupo sempre diferente de alunos do curso de Análises Químicas do Instituto Técnico de Barueri Maria Sylvia Chaluppe Mello. O rodízio de turmas só não valeu para um estudante, Rone Vieira Oliveira, que pediu aos professores para estar presente em todas as palestras. E foi atendido, para alegria da plateia que viu um jovem de 16 anos atuar como animador de debates científicos, com suas perguntas pertinentes e desinibidas.
A ideia dessa participação dos estudantes de ensino médio, conta Maria Guimarães, partiu do professor de sociologia Pablo Augusto Silva, leitor da revista desde seus tempos de graduação. Ele vislumbrou na interdisciplinaridade das palestras, disse, uma oportunidade pedagógica rara para seus alunos. Os rapazes e moças pesquisavam os currículos Lattes dos palestrantes antes de seguirem para a FAPESP e depois relatavam na escola, com enorme empolgação, o que haviam aprendido e como fora a experiência de conversar de perto com respeitados cientistas.
Para Janaína Gomes, professora de química, o que a vivência das palestras do ano da química propiciou aos jovens estudantes foi a percepção de que “a ciência é feita também no Brasil, por pessoas de carne e osso” e de que é possível seguir uma carreira científica em nosso país – conclusão gratificante para Pesquisa FAPESP, uma publicação pensada para mostrar essa ciência feita no país, com seus acertos e erros.
Melhor que isso só os agradecimentos que Rone enviou por carta ao diretor científico da FAPESP, Carlos Henrique de Brito Cruz, pelo apoio à realização do ciclo de conferências, extensivos às pessoas que mais diretamente organizaram o evento, como Vanderlan Bolzani. “Sinceramente nunca achei que fosse possível estar tão próximo de homens e mulheres da ciência tão importantes para nosso Brasil (…). Faltam-me palavras para expressar meus agradecimentos”, ele disse. Obrigada a você, Rone. Esperamos que esse suplemento possa ser um bom material de estudo para muitos outros jovens como você.
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