Primeiro os portugueses extraíram do tronco do pau-brasil um pigmento vermelho-vivo usado para tingir roupas dos nobres europeus. Agora, cinco séculos depois, pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo encontraram na semente dessa árvore uma proteína que interfere na coagulação do sangue e também em processos inflamatórios.
É a CeKI, sigla de proteína inibidora de calicreína, extraída das sementes de Caesalpinia echinata por uma equipe da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e Universidade de São Paulo (USP). Nos testes feitos em laboratório, eles constataram que a CeKI impede a ação de duas das 13 proteínas envolvidas na coagulação sangüínea: a calicreína e o fator XII.
Quando inibe a atividade do fator XII e da calicreína, essa proteína impede a formação do coágulo. Desse modo, poderia exercer um controle fino sobre a coagulação e auxiliar no diagnóstico e no tratamento de doenças hematológicas, segundo Mariana Araújo, pesquisadora da Uniesp e integrante da equipe responsável pelo trabalho publicado na Biological Chemistry.
Indiretamente, a CeKI inibe também a ação da bradicinina, uma importante proteína que participa do processo inflamatório. Se tudo der certo, podem sair daí alternativas aos antiinflamatórios e anticoagulantes atuais. Não se sabe ao certo a função da CeKI nas sementes do pau-brasil. Provavelmente ela auxilie a germinação e a maturação das sementes ou exerça um papel protetor contra insetos predadores.
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