Já se encontram em testes no Instituto do Coração (InCor) do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (HC-USP) os primeiros ventiladores pulmonares emergenciais de baixo custo desenvolvidos por pesquisadores da Escola Politécnica da USP (Poli-USP). Destinados prioritariamente ao tratamento de pessoas que adquiriram Covid-19 e apresentam complicações respiratórias, os equipamentos foram produzidos nos últimos quatro meses e utilizam tecnologia nacional.
Em coletiva de imprensa realizada na última quarta-feira (15/7), o governador de São Paulo, João Doria, informou que o lote inicial de 10 aparelhos irá substituir respiradores importados usados no HC-USP. Destinados tanto ao tratamento de doentes em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) como em leitos convencionais, eles estão sendo testados em 40 pacientes durante um estudo-piloto autorizado pelo Conselho Nacional de Ética em Pesquisa (Conep). Montados nas instalações do Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo (CTMSP), os aparelhos ainda aguardam aval da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para serem liberados para uso geral – o que deve ocorrer ao final da fase de testes, que vai durar de três a quatro semanas.
O projeto foi liderado pelos professores Marcelo Zuffo e Raul Gonzalez Lima, da Poli-USP, e consumiu R$ 7 milhões. Os recursos necessários foram obtidos com cerca de 800 doadores – um deles, o Escritório de Pesquisa Naval Global (ONR) dos Estados Unidos, doou cerca de R$ 1 milhão, correspondente a US$ 200 mil, segundo comunicado divulgado no site da Poli-USP. A USP se programou para produzir de 10 a 20 ventiladores por dia, a um custo estimado em algo entre R$ 5 mil e R$ 10 mil por unidade.
No início da epidemia do novo coronavírus no país, houve falta de ventiladores pulmonares para o tratamento de doentes em algumas localidades. A compra de máquinas importadas feita por diversos governos estaduais, inclusive o de São Paulo, sofreu problemas e precisou ser cancelada. O governo brasileiro mobilizou empresas brasileiras para suprir o mercado interno, fechando contrato para aquisição de milhares de aparelhos. Nesse contexto, universidades e instituições de pesquisa passaram a desenvolver novos modelos de respiradores nacionais. O projeto da USP é um dos primeiros a apresentar resultado concreto.
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