No dia 16 de março, chegamos à conclusão de que não poderíamos continuar com as atividades normais do Impa [Instituto de Matemática Pura e Aplicada] e suspendemos as atividades acadêmicas até o dia 15 de abril. Decidimos parar por um mês por uma razão concreta. Como muitos dos nossos 180 alunos são de fora do Rio de Janeiro, eles puderam retornar com tranquilidade para suas casas e ficar com suas famílias. Se fosse por um período mais curto, os que vivem em outros estados talvez optassem por não voltar para casa e poderiam ficar expostos ao novo coronavírus. Mas eles estão acompanhando as aulas on-line. Nossos 45 pesquisadores conseguem dar aulas graças a ferramentas muito boas, como as oferecidas pelo Google Meet e pelo Zoom. Com internet disponível, funcionam bem.
Uma vantagem da pesquisa em matemática fundamental é não necessitar da estrutura de um laboratório para ser realizada. Eu estou trabalhando em esquema de home office e, como as demandas administrativas diminuíram, consigo fazer alguns trabalhos que estava empurrando com a barriga. Quero terminar de escrever um livro sobre equações diferenciais que preparo há alguns anos. Estou nos últimos ajustes. Como ele vai ser lançado no Brasil e nos Estados Unidos, estou tocando ao mesmo tempo a edição em português e em inglês. Também estou avançando nos projetos de pesquisa que vinha adiando por falta de tempo.
Também aproveito para passar um pouco mais de tempo com a família e realizar um sonho de consumo, que é almoçar em casa. Como sou diretor do Impa, não estava dando aulas, mas mantenho contato pela internet com os cinco alunos de doutorado que oriento. Marcamos uma hora e conversamos. Nosso corpo administrativo, de 110 funcionários, está trabalhando de casa – um ou outro vai ao Impa quando é estritamente necessário, como o pessoal de apoio da informática. Sigo acompanhando essas atividades, por exemplo, do setor de contabilidade e da biblioteca. Há pelo menos uma pendência a resolver. Tínhamos quatro defesas de doutorado programadas para o período até 15 de abril. Naturalmente, nesse momento ninguém quer fazer de forma presencial. Estamos criando um protocolo para que as defesas possam ser feitas por videoconferência.
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