Violência não combina com escola. Mas está, infelizmente, cada vez mais presente nesse ambiente, de diversas formas. Conflitos entre alunos, ou professores e alunos; a violência externa, do entorno da escola, que nela se infiltra; violência institucional, que envolve práticas excludentes. Há ainda os casos extremos de ataques premeditados. Todos os indicadores de violência subiram nos últimos anos, mostrando a degradação do clima institucional, definido pelas expectativas compartilhadas pelos integrantes da comunidade escolar, que por sua vez decorrem de sua vivência coletiva. É por esse cenário preocupante que a repórter Christina Queiroz nos conduz, trazendo o resultado de recentes estudos e reflexões sobre essa disfunção que abala o ambiente formador da cidadania.
No editorial da edição 326, escrevi que a mamografia não poderia ter sido inventada por uma mulher. Dois anos depois, volto com gosto ao tema para destacar a proposta – liderada por um homem – de um sistema de imageamento que procura realizar esse exame tão necessário de forma menos dolorida. Em fase de desenvolvimento, o equipamento em formato cônico não demanda compressão e utiliza como rota tecnológica micro-ondas, e não raios x. Parceria entre a Poli-USP e o IFSP, o projeto se beneficiou da experiência anterior da equipe com o Sampa, circuito integrado miniaturizado que integra um detector de partículas no Cern, na Europa.

Cor iridescente das borboletas Morpho é importante para a sobrevivência da espécieVincent Debat / MNHN
O hábito de escrever para veículos de imprensa tem cada vez menos adeptos, e as redações saem perdendo. Alguns persistem, com críticas, elogios ou simples comentários. Um assinante que eventualmente escreve comentando o conteúdo em sua área de atuação (energia), um dia reclamou que determinada edição não trazia nada sobre insetos. Explicou que acha incrível dedicar a vida a pesquisar um único tipo desses animais. A reportagem sobre as borboletas-azuis iridescentes que iludem seus predadores atrai leitores interessados em insetos e em experimentos engenhosos.
Em março deste ano, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação completou 40 anos. Criado na redemocratização do país, esse braço do Poder Executivo já passou por instabilidades institucionais e de orçamento, mas segue seu trabalho de articulação das ações de C&T do governo e de formulação de políticas federais, além de financiar diretamente e por suas agências projetos e instituições de pesquisa. Em um contexto internacional sombrio, com os Estados Unidos desmantelando instituições e políticas de fomento à ciência em uma velocidade estarrecedora, a efeméride é uma oportunidade de reflexão sobre a importância das instituições e do MCTI em especial.
No contexto da ciência como atividade internacional, em que ultrapassar fronteiras geográficas amplia a visão de mundo e da pesquisa, está longe de ser óbvia a escolha de uma brasileira de se radicar em um país no qual, entre outras restrições, não teria naquela época direito a dirigir. Mas ao ver a infraestrutura em microscopia, há 15 anos a engenheira química Suzana Nunes se transferiu para a Universidade Rei Abdullah de Ciência e Tecnologia, na Arábia Saudita. Por vídeo, Nunes concedeu entrevista à editora de Ciências Biológicas, Maria Guimarães, do complexo universitário em que vive, um microcosmo internacional a 80 km de Jeddah. É de lá que ela parte, em seu jipe, para explorar a região nas horas vagas.
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