Pesquisadores do Instituto Evandro Chagas (IEC), órgão de pesquisa do Ministério da Saúde em Ananindeua, no Pará, isolaram o vírus da febre do Nilo Ocidental pela primeira vez no Brasil em abril deste ano. Transmitido pela picada de mosquitos do gênero Culex, o vírus foi extraído do tecido neurológico de um cavalo que morreu em uma fazenda no município de São Mateus, no Espírito Santo. À época, técnicos do Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do estado coletaram amostras de tecidos do animal e as enviaram ao IEC, onde se isolaram cópias do vírus. O sequenciamento de seu genoma permitiu verificar que a cepa encontrada no Brasil é a mesma em circulação na Argentina, no Canadá e nos Estados Unidos, o que sugere que esteja se disseminando pelas Américas, possivelmente transportado por aves migratórias infectadas (Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, 16 de julho). Os primeiros sinais de que o vírus havia chegado ao Brasil surgiram em 2009, quando foi detectado de modo indireto (a partir de anticorpos específicos no sangue) em cavalos e galinhas no Pantanal. Nos anos seguintes, anticorpos contra o vírus foram identificados no sangue de animais no Nordeste e, em 2015, no sangue de um homem que desenvolveu paralisia e outros sinais compatíveis com a febre do Nilo Ocidental. O vírus, contra o qual só há vacina para uso em animais, causa uma infecção que atinge o sistema nervoso central. Nos seres humanos, a maioria dos infectados apresenta sintomas parecidos com os da dengue. Em uma pequena parte das pessoas, porém, o vírus pode causar meningite, encefalite e síndrome de Guillain-Barré, que leva à degeneração dos nervos e à paralisia. No dia 8 de junho deste ano, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento expediu nota técnica recomendando a intensificação da vigilância para detectar animais com sintomas da doença em todo o país.
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