Pesquisadores do Instituto Adolfo Lutz (IAL), de São Paulo, estão concluindo um ensaio molecular para o diagnóstico da brucelose humana, zoonose causada por bactérias do gênero Brucella. Hoje, a detecção é indireta, por meio de exame sorológico que flagra os anticorpos produzidos pelo organismo infectado. O novo teste detecta o material genético da bactéria e revela mais rapidamente a infecção. Ele também é mais sensível e específico do que o ensaio convencional. Cerca de 500 mil novos casos da doença são notificados por ano no mundo, principalmente em países em desenvolvimento. Não se sabe a real dimensão da enfermidade no Brasil, já que a notificação não é obrigatória. Segundo o infectologista Marcos Vinícius da Silva, coordenador do Ambulatório de Doenças Tropicais e Zoonoses do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, em São Paulo, o número de indivíduos contaminados tem crescido nos últimos anos. Um motivo é a ampliação da cobertura vacinal do rebanho bovino, reservatório do microrganismo, obrigatória desde 2001. “A ampliação da imunização elevou os acidentes com agentes de saúde animal, que, às vezes, se infectam ao manipular o imunizante”, conta Silva. Outra forma de infecção é o consumo de leite e queijo de produção clandestina. O teste molecular do IAL aponta a espécie e a cepa responsáveis pela contaminação, auxiliando no tratamento e na compreensão da epidemiologia da doença. “Nossa primeira opção é testar a urina; depois, o soro sanguíneo. Já definimos a concentração de cada reagente, a temperatura de reação e outras variáveis importantes do teste”, conta a imunologista Suely Kashino, integrante da equipe que desenvolve o teste no IAL. “Estamos a meio caminho do processo de padronização.” O teste ainda passará por fase de validação.
Saúde pública
Novo teste para detecção de brucelose
Entrevista: Marcos Vinícius da Silva
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