Quase 20 anos depois do acidente com material radiativo, aumentaram os casos novos de câncer de mama em Goiânia. A equipe coordenada pelo médico Ruffo Freitas-Junior, da Universidade Federal de Goiás, avaliou os índices de tumor de seio entre mulheres em 1988 e comparou com as taxas de 2003. O número de casos só não cresceu entre as mais jovens, com 20 a 29 anos. Nas mulheres entre 30 e 49 anos, o número de casos dobrou. E aumentou quase quatro vezes entre aquelas na casa dos 50 aos 59 ou com mais de 80. Segundo Freitas-Junior, esse incremento nada tem a ver com a contaminação radiativa de 1987, quando parte de um aparelho usado em radioterapia contendo césio-137 foi furtado de uma clínica abandonada. “Felizmente, o acidente com o material radiativo afetou poucos quarteirões na região central da cidade”, conta, “e o número de casos não aumentou nas mulheres mais suscetíveis à época, que tinham entre 15 e 25 anos”. A razão do aumento? Não se sabe ao certo, mas Freitas-Junior aposta no uso da reposição hormonal pelas mulheres na menopausa, por volta dos 50 anos; e na disseminação da mamografia, que aprimorou a detecção dos tumores no seio. O médico atribui parte do crescimento ao consumo de álcool, ao sedentarismo, ao uso prolongado de pílula anticoncepcional e à redução do número de gestações.
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