De novembro de 2013 a setembro de 2015, biólogos do Rio Grande do Sul acompanharam uma população de gatos-do-mato-grande (Leopardus geoffroyi) na região da serra do Caverá, no oeste do estado. Pouco se conhece sobre os hábitos desse felino, um pouco maior que o gato doméstico e encontrado apenas no Sul do Brasil e em partes da Bolívia, do Chile e da Argentina. Os pesquisadores registraram 516 imagens usando armadilhas fotográficas e capturaram 12 animais para colher amostras de sangue. Deles, sete (quatro machos e três fêmeas) foram depois rastreados com o auxílio de aparelhos de radiotelemetria. Os machos são maiores que as fêmeas e ocupam uma área também maior, verificou a equipe coordenada por Eduardo Eizirik, professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS). Quanto maiores os animais, maior era a área pela qual se dispersavam. Embora sejam animais solitários, houve sobreposição nas áreas em que viviam, indicando que parecem tolerar algum grau de convivência com outros indivíduos da espécie. Análises genéticas indicaram que a maioria dos indivíduos capturados não eram parentes (Journal of Mammalogy, agosto). O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, do Ministério do Meio Ambiente, estima que 4 mil animais dessa espécie vivem hoje no país e que pode ocorrer uma redução de pelo menos 10% dessa população nos próximos 15 anos em razão da perda de hábitat, de atropelamentos, do abate por retaliação à predação de animais domésticos e de efeitos negativos do cruzamento (hibridização) com outras espécies.
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