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Pecuária

Os antibióticos e a produção de carne

Ilustração da bactéria Escherichia coli, espécie que vem desenvolvendo resistência a medicamentos

Alissa Eckert / CDC

Quase três quartos dos antibióticos vendidos no planeta são destinados à produção de animais para corte, indústria que, desde 2000, cresceu entre 40% e 68% na Ásia, África e América do Sul. Um grupo internacional de pesquisadores coordenado por Thomas Van Boeckel, do Instituto Federal de Tecnologia da Suíça, reuniu os resultados de 901 levantamentos feitos entre 2000 e 2018 e constatou que existe uma associação entre o uso de antibióticos e o desenvolvimento de resistência a esses medicamentos em bactérias das espécies Escherichia coli e Staphylococcus aureus e dos gêneros Salmonella e Campylobacter, causadoras de doenças em animais de corte e seres humanos. A proporção de antibióticos que já perdeu a capacidade de eliminar metade dessas bactérias em galinhas aumentou de 0,15% em 2000 para 0,41% em 2018 (aumento de 1,5% ao ano). Em porcos, a taxa quase triplicou: passou de 0,13% para 0,34% (crescimento anual de 1,3%). O levantamento não detectou alteração significativa no gado bovino (Science, 20 de setembro). Vários países de baixa ou média renda aparecem na análise como áreas importantes de surgimento de resistência, principalmente na Ásia e na África. O Brasil também está na lista, em especial os estados do Sul. Os pesquisadores alertam: está diminuindo o arsenal de medicamentos para combater bactérias nocivas à saúde dos animais criados para a indústria alimentícia. Com base em dados de densidade de animais de 2013, eles estimam que, no mundo, 9% dos bois, 18% dos porcos e 21% dos frangos sejam criados em regiões em que há resistência a antibióticos. Na opinião dos pesquisadores, antibióticos importantes para a saúde humana não deveriam ser usados em animais de corte.

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