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Avaliação

A batalha da qualidade

Líderes de ranking ibero-americano, USP e Unicamp discutem como elevar o impacto de sua pesquisa

Miguel boyayanDuas instituições paulistas, as universidades de São Paulo (USP) e a Estadual de Campinas (Unicamp), e uma mexicana, a Universidade Nacional Autônoma do México (Unam), lideram um ranking de produtividade científica da América Latina, Caribe e Península Ibérica divulgado pelo grupo de pesquisa espanhol SCImago (SIR 2010). O levantamento leva em conta resumos e referências de cerca de 17 mil periódicos da base de dados Scopus, da editora Elsevier. No período de 2003 a 2008, a USP produziu 38 mil artigos científicos, a Unam, 17 mil, e a Unicamp, 15 mil. Na lista das 10 mais produtivas há cinco universidades espanholas, quatro brasileiras (além da USP e da Unicamp, figuram também a Universidade Estadual Paulista, a Unesp, na 6a posição, e a Universidade Federal do Rio de Janeiro, a UFRJ, no 7º lugar) e uma mexicana, a Unam.

O ranking traz dados qualitativos. Um dos indicadores é o CCP, sigla para Qualidade Científica Média, em espanhol, que mede o impacto científico de uma instituição depois de eliminar a influência de seu tamanho. Outro índice é o Q1, que mostra a porcentagem das publicações da universidade que integram o conjunto composto pelas revistas mais influentes do mundo, as 25% mais bem colocadas num ranking de publicações do SCIMago. De acordo com Marco Antonio Zago, pró-reitor de Pesquisa da USP, estes dados são importantes porque mostram onde a universidade tem espaço para avançar. “A USP vem aumentando sua contribuição em relação ao total do mundo, mas minha preocupação é com a qualidade, que pode melhorar”, afirma. No caso do CCP, a USP obteve índice de 0,81, o que significa que está 19% abaixo da média mundial de qualidade. Já no caso do Q1, a universidade tem 40,35% de suas publicações no conjunto dos periódicos mais influentes. Para efeito de comparação, a Universitat de Barcelona ostenta CCP de 1,41 e Q1 de 62,16. Segundo Zago, há um conjunto de instrumentos que pode ser usado para melhorar o impacto e a qualidade. “Nós incentivamos nossos pesquisadores, principalmente os novos docentes, a apresentarem projetos à FAPESP. A Fundação tem um processo de análise que é reconhecidamente bom. Isso é educativo e mostra aos pesquisadores que a universidade espera que tenham produção científica”, afirma. As lideranças científicas da USP, diz o pró-reitor, já produzem com alta qualidade. Ele fez uma análise do impacto dos artigos publicados num período recente por 23 coordenadores de projetos temáticos das áreas de medicina e biomedicina, vinculados à USP, e constatou que 437 trabalhos contabilizados tiveram 11.148 citações. “O índice de citação desse grupo foi excepcionalmente bom, com 25,2 citações por trabalho. A média da Universidade Harvard é de 40 citações”, afirmou.

A Unicamp enfrenta o mesmo de­safio, com Qualidade Científica Mé­dia 19% abaixo da média mundial e 38,18% dos artigos no rol das revistas mais influentes. O pró-reitor de Pesquisa da universidade, Ronaldo Pilli, diz que uma das prioridades é aumentar a visibilidade de sua pesquisa, estimulando seus pesquisadores a publicar em revistas de alto impacto. “Não temos a perspectiva de aumentar muito nosso número de pesquisadores. Nossa ênfase será publicar nas revistas mais influentes”, afirmou. Pilli lembra que, do ponto de vista de produção per capita, a Unicamp se destaca como a universidade pública com melhor desempenho. “Temos valores da ordem de 11 citações por trabalho após 10 anos de publicação, levando-se em conta a produção de todos os nossos pesquisadores.” A Unicamp tem incentivado a submissão de projetos a agências, apoiado a instalação de jovens docentes com valores que atingem até R$ 40 mil para os dois primeiros anos e estimulado a vinda de professores do exterior. “Serão aproximadamente 30 professores visitantes do exterior neste semestre que irão participar de programas de pós-graduação”, diz Pilli.

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