Um dos principais centros de referência em divulgação e jornalismo científico no Brasil e na América Latina, o Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo (Labjor) da Unicamp começou a ser idealizado na Europa. Em 1992, o jornalista Alberto Dines trabalhava em Lisboa, Portugal, e escreveu para o então reitor da instituição, o linguista Carlos Vogt. Queria propor um projeto. “Disse ao Vogt que talvez pudéssemos fazer uma coisa precursora”, disse Dines à Pesquisa FAPESP em 2012. Vogt aproveitou uma viagem a Paris e passou um final de semana em Lisboa. Ali, estabeleceram algumas das bases do centro.
“A iniciativa coincidiu com uma demanda da Unicamp, que nunca havia oferecido graduação em comunicação social e buscava criar um programa de pós-graduação na área”, explica Vogt, presidente da FAPESP entre 2002 e 2007. O Labjor foi fundado dois anos depois, em 1994, em seminário realizado em Campinas, que reuniu empresários e pesquisadores, entre eles José Marques de Melo, professor da Universidade Metodista de São Paulo.
Em mais de 20 anos, o Labjor já formou cerca de 400 profissionais – dos quais 110 foram bolsistas do programa Mídia Ciência da FAPESP. Além de oferecer um curso de especialização lato sensu em jornalismo científico, o laboratório foi pioneiro ao criar, em 2008, um programa de mestrado em divulgação científica e cultural que produziu 130 dissertações até agora. “O Labjor contribuiu para o amadurecimento da pesquisa em divulgação científica no país”, diz Vogt.
Uma das preocupações do laboratório é oferecer uma noção ampla em várias disciplinas, tais como sociologia, filosofia e política científica. Parte da faceta multidisciplinar do Labjor se deve às parcerias estabelecidas com outras unidades da Unicamp, como o Departamento de Política Científica e Tecnológica (DPCT), o Instituto de Geociências (IG) e o Instituto de Estudos da Linguagem (IEL), que abriga o programa de mestrado. Pesquisadores dessas unidades atuam como docentes no Labjor.
No início, o laboratório oferecia cursos de capacitação voltados para várias áreas do jornalismo. Essa primeira fase forneceu as bases para o lançamento, em 1996, do Observatório da Imprensa, um veículo on-line coordenado por Dines e dedicado à crítica da mídia. A decisão de direcionar o Labjor para a divulgação científica ganhou força a partir de 1997. “Acreditava que o Labjor deveria buscar uma identidade acadêmica, que permitisse desenvolver um trabalho de pesquisa articulado com questões da ciência e da tecnologia”, explica Vogt.
Em 1999, o Labjor lançou o curso de especialização em jornalismo científico, em parceria com o DPCT. A jornalista Simone Pallone de Figueiredo foi uma das alunas da primeira turma do curso e, em seguida, fez mestrado e doutorado no DPCT. Hoje ela é pesquisadora no Labjor e foi editora da revista ComCiência, publicada pelo laboratório em parceria com a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). “A ComCiência nasceu em 1999, para que alunos do curso de especialização pudessem praticar o jornalismo científico”, explica Simone, que hoje edita a revista Inovação – uma parceria entre o Labjor e a Agência de Inovação da Unicamp – e coordena o programa de rádio Oxigênio, junto com a Web Rádio Unicamp. “Essa produção está correlacionada com o ensino, porque é uma oportunidade para os alunos experimentarem novos formatos e linguagens”, diz Simone.
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