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Memória

A criação dileta de um governante de visão

Uma imagem inaugural:o governador Carlos Alberto Alves de Carvalho Pinto sanciona,no dia 18 de outubro de 1960, no Salão Vermelho do Palácio dos Campos Elíseos,a lei número 5.918, instituindo a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP). À sua direita, o secretário da Saúde, Fauze Arape, e à sua esquerda, o advogado Hélio Pereira Bicudo,que secretariou os trabalhos da comissão responsável pela elaboração da lei.

Por trás dessa imagem publicada no jornal paulista A Gazeta, danificada pelo tempo e por condições inadequadas de conservação, mas cujo valor histórico justifica ainda assim sua reprodução nesta seção de Memórias,há uma longa história de luta. Tratava-sede uma luta, liderada por homens com mais visão de futuro, para convencer grande parte de uma elite provinciana e indiferente, senão um tanto avessa à investigação científica,de que o investimento nessa área era vital para o desenvolvimento da sociedade.

Adiante dessa imagem, maisque simplesmente a criação de uma agência pública de financiamento à pesquisa, encontra-se a construção de um sólido sistema de produção de ciência e tecnologia no Estado de São Paulo, de que essa agência – a FAPESP -é uma das pedras angulares.E isso justifica, sem dúvida,a declaração temperada de modéstia do governador Carvalho Pinto, anos depois desse registro fotográfico:“Se me fosse dado destacar alguma das realizações da minha despretensiosa vida pública,não hesitaria em eleger a FAPESP como uma das mais significativas para o desenvolvimento econômico, social e cultural do país”.

O filho independente da Escola Politécnica
Há 100 anos, a partir do Gabinete de Resistência de Materiais, um discreto galpão anexo à Escola Politécnica,então no bairro do Bom Retiro, constituía-se o Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo, o IPT, que se tornaria um respeitado centro de projetos e de ensaios voltados às necessidades da indústria.No início,essencialmente didático, atendia à formação prática dos futuros engenheiros da Politécnica.

Mas em 1926, transformado em Laboratório de Ensaios de Materiais(o nome atual surgiu em 1934), mostrou que havia nascido mesmo para servir às indústrias, sobretudo à de construção civil, na época em ritmo febril coma construção dos primeiros arranha-céus da cidade.A história prossegue: a mudança para a Cidade Universitária,a construção de aviões, o apoio à construção de hidrelétricas,os projetos para siderúrgica se, recentemente, a biotecnologia.

Em renovação contínua,o centenário IPT atualiza os laboratórios, redefine as formas de atuação e implanta novas estratégias de parcerias com as indústrias, mantendo a razão de sua existência em seu próximo século.

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