A flora fanerogâmica de São Paulo – isto é, aquelas plantas com órgãos reprodutores bem aparentes e que se caracterizam pelas flores – já está na Internet a partir deste mês. Acessando o endereço http://www.bdt.org.br/bdt/florasp, será possível obter a relação das espécies dessa flora com seus respectivos nomes científicos, uma descrição de cada grupo, as características gerais do ambiente onde ocorrem e herbários onde podem ser encontradas. Futuramente, já está prevista a inserção também da relação de plantas em extinção.
Esses dados disponíveis na Internet são, na verdade, um resumo condensado de um vastíssimo banco de informações, fruto de um dos maiores projetos de pesquisa na área de Botânica já realizados em São Paulo –A Flora Fanerogâmica de São Paulo -, projeto temático financiado pela FAPESP e que envolve 105 pesquisadores de 23 instituições (ver Notícias FAPESP nº 6). Ele consiste no levantamento, catalogação e identificação de todas as espécies fanerogâmicas da flora paulista, com indicações de locais onde podem ser encontradas, por município ou região do Estado, e está servindo de modelo, inclusive, para o projetoFlora Fanerogâmica do Brasil , que está previsto para ser realizado mais adiante, abrangendo toda a flora brasileira.
Iniciado em 1994, o projeto teve inicialmente como coordenador o professor Hermógenes de Freitas Leitão Filho, que faleceu em fevereiro de 1996, quando dirigia uma atividade de campo da pesquisa. “O banco de dados, e mais especificamente as informações disponíveis na Internet, serão úteis não apenas a biólogos.
Elas podem servir de consulta para químicos que estejam estudando substâncias de plantas, agrônomos que estudam insetos, ácaros e pragas, e mesmo pessoas responsáveis por orientar decisões de entidades ou órgãos governamentais sobre preservação de áreas”, diz o biólogo George Shepherd, da UNICMP, um dos responsáveis pela coordenação da pesquisa, junto com as biólogas Maria das Graças Lapa Wanderley, do Instituto de Botânica de São Paulo, e Ana Maria Giulietti, da Universidade Estadual de Feira de Santana, na Bahia.
Obra de fôlego
Entre 1994 e 1997, os pesquisadores – de instituições como USP, Unicamp, Unesp, Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ/USP), Instituto de Botânica, Instituto Agronômico de Campinas, entre outros – efetuaram 111 expedições científicas e 58 visitas a herbários, coletando cerca de 7.500 espécies de plantas com flores encontradas em São Paulo. De acordo com os especialistas, não são incluídos como vegetais fanerogâmicos apenas os fungos, as algas, os líquens, os musgos e as samambaias. Além disso, o projeto previa um levantamento de todas as espécies ameaçadas de extinção, que já está sendo feita.
O produto final da pesquisa, e o mais aguardado pelos botânicos, será a publicação do livro Flora de São Paulo , em oito volumes bem encadernados, ilustrados com desenhos em preto e branco. Nele, todas as plantas estarão cientificamente identificadas e nomeadas, descritas e acompanhadas por chaves que informarão algumas características como forma e cor das flores, disposição e número de estames, etc.. Uma outra publicação prevista será o livro A Vegetação do Estado de São Paulo , com informações sobre a formação da atual vegetação do Estado, suas espécies mais características e onde encontrá-las.
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