Imprimir Republicar

BOAS PRÁTICAS

A hora da faxina

Periódico da editora Springer Nature retratou mais de 200 artigos em menos de dois meses

A revista Optical and Quantum Electronics, da editora Springer Nature, retratou mais de 200 artigos científicos desde o início de setembro, alegando ter encontrado indícios de má conduta como revisão por pares comprometida, uso de referências inadequadas ou irrelevantes e a presença de frases sem sentido – as chamadas “frases torturadas”, que podem sinalizar plágio dissimulado e fabricação de papers fraudulentos.

O diretor de integridade de pesquisa da Springer Nature, Chris Graf, explicou ao site Retraction Watch que as investigações se ampararam na experiência da editora com casos desse tipo e em denúncias de informantes. Não mencionou o nome do cientista da computação Guillaume Cabanac, da Universidade de Toulouse, na França, mas o pesquisador havia destacado em seu perfil na rede social X problemas com a revista em fevereiro deste ano. Cabanac foi o responsável por criar um software que identifica “frases torturadas”. Essas sentenças soam estranhas porque são traduzidas de maneira automatizada do inglês para um outro idioma e depois convertidas de volta para o inglês, com o objetivo de tentar enganar os softwares detectores de plágio. Cabanac identificou 48 artigos na Optical and Quantum Electronics com frases mal traduzidas, publicados principalmente em 2023. Ele também divulgou alertas detalhando as expressões no site PubPeer, um fórum na internet para discussão do conteúdo de artigos científicos.

Ainda de acordo com o Retraction Watch, a Springer Nature, que lançou uma oferta pública de ações (IPO) no início de outubro, declarou em seu prospecto a investidores que, no início de 2024, identificou em algumas de suas revistas “um número significativo” de artigos produzidos pelas chamadas fábricas de papers, serviços ilegais que produzem artigos sob demanda, muitas vezes com dados falsificados ou conteúdo plagiado, e os submetem a periódicos acadêmicos em nome de pesquisadores. “Embora uma grande parte dos artigos e coleções tenha sido trazida à nossa atenção por terceiros, alguns já haviam sido sinalizados ou identificados por outros meios e estavam sendo investigados por nosso grupo interno de integridade de pesquisa”, observou a editora no documento.

Republicar