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Tecnociência

A medicina remota do Piauí

Eduardo CesarCaju: combate a desenteria há 8 mil anosEduardo Cesar

Os seres humanos que viveram há 8 mil anos no Nordeste do país já conheciam as propriedades medicinais de algumas plantas, que usavam para tratar problemas de saúde causados por parasitas intestinais. A análise de cinco amostras de fezes humanas fossilizadas achadas na Toca do Boqueirão da Pedra Furada – um dos 900 sítios arqueológicos do Parque Nacional Serra da Capivara, no Piauí – indica que os antigos habitantes da região usavam plantas de pelo menos três gêneros – Anacardium, Borreria e Terminalia – para contornar diarréias e outros distúrbios do trato digestivo. Com idade estimada entre 7 mil e 8.500 anos, os coprólitos, nome técnico dos excrementos petrificados, continham pólen de plantas desses gêneros, entre elas o caju, e são uma possível evidência das práticas medicinais dos primeiros ocupantes do Nordeste. Como há vestígios arqueológicos de que essa população de Pedra Furada estava infestada de vermes intestinais, a tese sobre o uso teraupêutico dos vegetais contra disenterias ganha mais força, segundo os autores do estudo, Sérgio Chaves, da Fiocruz, do Rio, e Karl Reinhard, da Universidade de Nebraska-Lincoln, Estados Unidos.

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