A norte-americana Karen Keskulla Uhlenbeck é a primeira mulher a receber o prêmio Abel, um dos mais importantes da matemática. Inspirado no Nobel, o prêmio Abel é concedido anualmente desde 2003 pelo rei da Noruega a matemáticos que influenciaram de modo importante o desenvolvimento da área. Professora emérita da Universidade do Texas em Austin, Estados Unidos, Uhlenbeck teve uma atuação relevante em diferentes campos da matemática, como teoria de gauge e sistemas integráveis, com impacto na matemática e na física. Aos 76 anos, ela continua ativa: faz exercícios pela manhã e, à tarde, vai a um ou dois seminários ou encontra colaboradores para conversar sobre matemática, relatou em entrevista recente (Scientific American, 27 de março). Ela iniciou a graduação em física e, nas aulas de cálculo, apaixonou-se pela matemática, área em que se formou na Universidade de Michigan, em 1964. Após fazer doutorado na Universidade Brandeis, deu aulas no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e na Universidade da Califórnia em Berkeley. Casada com o bioquímico Olke Uhlenbeck, teve dificuldade para encontrar um posto fixo de professora. As universidades alegavam não poder contratar mulher e marido para evitar nepotismo. “Eu preferiria que tivessem sido honestos e dito que não me contratariam por eu ser mulher”, escreveu em um perfil autobiográfico no livro Journeys of women in science and engineering: No universal constants (Temple University Press, 1999). Em Austin, ela manteve um programa de mentoria em matemática para mulheres. Pelo prêmio, anunciado em 19 de março, Uhlenbeck receberá 6 milhões de coroas suecas (cerca de US$ 700 mil).
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