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Resenhas

A verdade da metrópole inventada – Cidade dos Artistas

Muniz Sodré e Raquel Paiva, Editora Mauad/ 172 páginas / R$ 34,80

Ele deixou de ser capital federal, mas ainda é capaz de atuar como centro de “brasilidade”, de como seria o país e a nossa “realidade”: em resumo, o Rio de Janeiro continua lindo e continua a moldar o nosso imaginário. Em especial, por causa das telenovelas e do mundo criado pela Globo, ao mesmo tempo um êmulo e uma ilusão do que seria o Rio real do Brasil real. O estudo de Muniz Sodré e Raquel Paiva (dupla que foi bem-sucedida no estudo do grotesco na nossa telinha) é leitura obrigatória para quem quer entender o poder da televisão, capaz de construir uma cidade de fantasia, sem contradições de classe, sem diferenças urbanísticas, onde toda uma comunidade é recriada de forma apaziguada e sem conflitos. A cidade vira, ao mesmo tempo, metáfora e cenário. Metáfora, já que a TV transforma o Rio em símbolo de Brasil, e cenário, já que todos os problemas reais aparecem resolvidos nos pequenos espaços e nas pequenas tramas que fazem o discurso noveleiro. “Os conflitos econômicos, se os há, são resolvidos na imaginária conciliação urbanística. A segregação espacial do Rio, a que a violência da delinqüência parece dar uma resposta simbólica, não se faz presente no discurso televisivo”, observam os autores. A nova metrópole criada pelos autores de novela acaba, por ironia, em coincidir com o ideal moderno do “produto cultural à venda”. Fim de cena e de novela. Um estudo que se lê com prazer.

Editora Mauad (21) 2533-7422

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