Com 35 centímetros de comprimento e peso médio de 400 gramas, o papagaio-verdadeiro (Amazona aestiva) vive 60 anos, em média, e pode chegar aos 80. Uma equipe coordenada pelo biólogo brasileiro Cláudio Vianna de Mello, da Universidade de Saúde e Ciência do Oregon, nos Estados Unidos, fez o sequenciamento completo do genoma dessa ave e identificou pelo menos 300 genes que podem estar associados à sua vida longa (Current Biology, 6 de dezembro). Um deles é o Tert, que codifica uma proteína da enzima telomerase, que protege os telômeros, estruturas das extremidades dos cromossomos. A telomerase impede que os cromossomos se deteriorem durante a divisão celular e nesses papagaios seria mais ativa, retardando o envelhecimento das células. Os pesquisadores também identificaram mutações em genes associados a mecanismos de reparo no DNA, controle de proliferação celular e proteção a estresse oxidativo do sistema imune que poderiam aumentar a longevidade. O genoma do papagaio foi comparado com o de outras 30 espécies de aves, incluindo longevas, como a araracanga (Ara macao), que vive de 40 a 60 anos. O estudo sinaliza que regiões de DNA do papagaio que divergem do padrão encontrado em outras aves longevas e trechos regulatórios de genes envolvidos no desenvolvimento do cérebro poderiam estar associados ao aumento da capacidade cognitiva dessa espécie. O papagaio-verdadeiro tem um colorido único: as fêmeas adultas exibem uma plumagem vermelho-alaranjado com um fino anel externo avermelhado na íris; nos machos, de bico negro, esse detalhe é amarelo-alaranjado.
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