DIVULGAÇÃONo artigo “Corrosão social, pragmatismo e ressentimento: vozes dissonantes no cinema brasileiro de resultados”, Ismail Xavier, da Escola de Comunicação e Arte (ECA) da Universidade de São Paulo (USP), analisa três filmes do cinema brasileiro de mercado em que a voz over, também conhecida como “a voz de Deus”, desempenha papel determinante: Cidade de Deus (Fernando Meirelles e Kátia Lund, 2002), O homem que copiava (Jorge Furtado, 2003) e Redentor (Cláudio Torres, 2004). O autor faz um histórico sobre o uso da voz over no cinema brasileiro, introduzida nos anos 1940, que ganhou força nas décadas de 1960 e 1970 com uma exploração mais criativa das relações da imagem e som, como fizeram Glauber Rocha, Leon Hirszman, Rogério Sganzerla, Arthur Omar e, mais recentemente, Júlio Bressane no filme Miramar (1997), Sérgio Bianchi em Cronicamente Inviável (2000) e Ruy Guerra em Estorvo (2000). O estudo explica que a voz over é usada com mais freqüência como ferramenta pedagógica para facilitar o diálogo com o espectador e organizar as informações. O objetivo do trabalho é compreender o atual uso desse recurso nos três filmes que têm como protagonistas personagens que se equilibram entre as forças da lei ilegítimas e a marginalidade de destino trágico. “A fala como discurso do sujeito “em situação” é vista em relação com o contexto social, marcado por tensões ligadas à violência, expansão dos mercados ilícitos, delinqüência empresarial, hegemonia do consumo e crise da instituição familiar”, escreveu Xavier.
Novos Estudos – Cebrap – nº 75 – São Paulo – jul. 2006
Republicar