Embora o uso de cocaína seja um problema significativo de saúde pública, existe uma relativa escassez de dados científicos sobre as conseqüências neurocognitivas decorrentes da exposição à droga. Estima-se que 14 milhões de pessoas, em todo o mundo, façam o uso abusivo da cocaína. O artigo “Alterações neuropsicológicas em dependentes de cocaína/crack internados: dados preliminares” verificou a associação entre dependência de cocaína e crack com o desempenho cognitivo de 15 usuários de droga. O objetivo foi avaliar as funções neuropsicológicas dos indivíduos durante a segunda semana de abstinência. Os dependentes químicos, em regime de internação, foram submetidos a uma ampla bateria de testes. O grupo controle também tinha 15 pessoas não usuárias de drogas. O levantamento levou em conta testes de atenção, fluência verbal, memória visual, memória verbal, capacidade de aprendizagem e funções executivas. O estudo foi desenvolvido por Paulo Cunha, Luciana Gomes, Renata Moino, Marco Peluso e Sergio Nicastri, pesquisadores do Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). Os resultados da investigação mostraram sérios prejuízos neurocognitivos em dependentes de cocaína e crack quando comparados a indivíduos normais. “Foram encontradas alterações em testes de atenção, fluência verbal, memória visual, memória verbal, capacidade de aprendizagem e funções executivas”, alertam os pesquisadores. Segundo eles, os dados coletados foram suficientes para mostrar evidências de que o consumo de droga está associado a déficits neuropsicológicos significativos, semelhantes aos que ocorrem em transtornos cognitivos, possivelmente relacionados a problemas em regiões cerebrais pré-frontais e temporais.
Revista Brasileira de Psiquiatria – VOL.26 – Nº2 – São Paulo – JUN. 2004
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