EDUARDO CESARO período de transição para a universidade tem sido apontado como uma fase de grande vulnerabilidade ao consumo exagerado de álcool e outras drogas. Para avaliar a dimensão desse uso, seus efeitos negativos e as expectativas dos universitários, uma equipe de pesquisadoras da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) analisou o relato de 165 estudantes, com média de 22 anos, que responderam aos inventários Audit (Alcohol Use Disorders Identification Test) e Iecpa (Inventário de Expectativas e Crenças Pessoais acerca do Álcool). O estudo “Expectativas e beber problemático entre universitários”, feito por Ana Carolina Peuker, Janaina Fogaça e Lisiane Bizarro, apontou que 44% dos participantes eram consumidores de risco. A conclusão foi comparada com outras pesquisas feitas em um hospital geral, no qual apenas 34 entre os 275 pacientes apresentavam um quadro de risco. O trabalho mostra que, em razão do consumo de álcool, 25,4% dos universitários deixaram de fazer o que era esperado, enquanto na população geral este porcentual é quase oito vezes menor. Ao chamar a atenção para o consumo entre estudantes de nível superior, a pesquisa cita outros estudos que relacionam a ingestão de álcool ao prejuízo no desempenho de tarefas cognitivas, associadas ao funcionamento do lobo frontal, como as funções executivas. “Muitos jovens ingressam na universidade em idade e circunstâncias propícias à aquisição de novas competências. Dessa forma, o ambiente acadêmico torna-se um espaço adequado para o desenvolvimento de programas preventivos, sendo recomendável a implantação de políticas nessa direção”, concluem as pesquisadoras em seu artigo.
Psicologia: Teoria e Pesquisa – vol 22 – nº 2 – Brasília – mai./ago. 2006
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