O navio de pesquisa oceanográfica Alpha-Crucis, adquirido recentemente pela Universidade de São Paulo (USP) com financiamento da FAPESP, partiu na tarde de sábado, 1º. de dezembro, para o primeiro cruzeiro internacional, com retorno previsto para 17 de dezembro. A embarcação deverá ir do porto de Santos até o ponto de longitude 42 graus oeste e latitude 34.5 graus sul, a cerca de 1.400 quilômetros da costa, voltar até o litoral do Brasil, na divisa com o Uruguai, e dali retornando para Santos.
Liderado por Edmo Campos, professor do Instituto Oceanográfico da USP, o grupo de 20 pesquisadores de Brasil, Argentina e Estados Unidos, com o apoio dos 18 membros da tripulação, vai fazer medições e instalar equipamentos no fundo do mar, em pontos específicos, para determinar eventuais variações na circulação de calor no Atlântico Sul.
“Qualquer variação na quantidade de calor, ainda que ínfima, pode ter uma grande influencia sobre o clima do planeta”, diz Campos. “O projeto está estruturado de modo que possamos examinar fenômenos de alta relevância.”
A viagem do Alpha Crucis é uma das atividades do projeto temático Impact of the Southern Atlantic on the Global Overturning Circulation and Climate (SAMOC), que por sua vez integra um projeto internacional de análise da circulação de calor no Atlântico Sul. Grupos do Brasil, da Argentina e dos Estados Unidos vão trabalhar nas regiões próximas à América do Sul e pesquisadores de França, Alemanha e África do Sul, nas proximidades do sul da África.
“Sem tirar o mérito das iniciativas anteriores, este é um dos poucos projetos brasileiros com uma real inserção internacional, que vai tratar de fenômenos que não são apenas locais, mas de alcance e interesse global”, explica Campos.
“O Atlântico Sul é o único oceano que transporta calor para o norte, e é isso que modula o clima no hemisfério sul e mesmo no hemisfério norte”, comenta a pesquisadora argentina Silvia Garzoli, diretora da divisão de oceanografia física da agência de pesquisas oceânicas e atmosféricas (NOAA), dos Estados Unidos, e uma das principais articuladores desse projeto do Atlântico Sul.
“Finalmente temos um projeto financiado por três países (Brasil, Argentina e Estados Unidos) e um navio adequado”, observa a diretora do NOAA. É também a primeira viagem de coleta de amostras de água e de medições de temperatura em águas profundas, de até 6 quilômetros abaixo da superfície.
Clique aqui e veja a animação da Nasa sobre a circulação de calor entre os oceanos
Leia mais sobre a viagem do Alpha Crucis na edição de janeiro de 2013 da revista Pesquisa FAPESP.
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