O enorme estrago ambiental provocado pela mineração de ouro na parte peruana da Amazônia começa a ser revertido com a ajuda da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Os 80 km2 degradados comprometem o rio Huepetuhe, um dos rios que contribuem para a formação do Madeira no Brasil. O impacto ambiental já chegou à Bacia Amazônica. Pesquisadores da Embrapa Agrobiologia, do Rio de Janeiro, estiveram por duas semanas na região, em março. Eles faziam parte da Missão Multidisciplinar ao Peru atendendo a um pedido do governo peruano à Agência Brasileira de Cooperação.
O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) está coordenando a parte administrativa do projeto e o Peru vai dar a contrapartida. “Estamos fazendo um projeto piloto para transferência de tecnologia de recuperação de solos degradados”, diz o engenheiro florestal da Embrapa Eduardo Campello. Os pesquisadores plantaram alguns tipos de leguminosas que ocorrem na Amazônia e se associam a bactérias do gênero Rhizobium , que consomem o carboidrato da planta e dão em troca nitrogênio, um dos principais nutrientes utilizados para o crescimento de vegetais.
“Além de melhorar esse processo ao inocular a bactéria, usamos um fungo para colonizar as raízes e aumentar a eficiência das plantas em absorver água e fósforo, também escassos nos solos tropicais”, explica Campello. O processo de recuperação de toda a área, de modo a ficar pelo menos parecida com o que havia antes, deve levar de dez a 15 anos. “Mas, para isso, é essencial que o governo peruano tenha vontade política para manter o trabalho”, diz Campello.
Republicar