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Tecnociência

Amor entre primos e a genética

A imprensa pode ter alardeado cedo demais os resultados de um estudo, publicado em abril nos Estados Unidos, cuja conclusão indica que os casamentos entre primos podem não gerar uma quantidade “muito maior” de crianças defeituosas do que os realizados entre não-parentes, segundo informou o Wall Street Journal. Primeiro, porque a taxa de nascimento de crianças com defeitos genéticos nos casamentos entre primos está entre 4,7% e 5,8%.

Isto é, pode atingir quase o dobro da porcentagem geral de 3% – o que não é pouco. Em segundo lugar, porque, como argumentam os adeptos da psicologia evolucionária, se esses riscos ainda são palatáveis para um casal de primos em particular, podem fazer grande diferença na evolução da humanidade. A teoria deles é simples: a causa da rejeição tradicional do incesto nas sociedades humanas teria origem genética. Na pré-história – quando as mulheres fugiam e os homens corriam atrás delas para depositar suas sementes, não importando quem era parente de quem – teria tido início o processo de seleção natural.

Para descartar indivíduos defeituosos, a raça humana teria desenvolvido genes avessos às uniões entre irmãos e primos. Nós seríamos os descendentes dos que sobreviveram graças a essa determinação genética. Mas aí também fica um problema: não são raros na história os casos de sociedades inteiras que praticaram, e ainda praticam, os casamentos entre parentes para conservar, por exemplo, os bens em família. E, até agora, ninguém descobriu o gene responsável pelo tabu do incesto.

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