A reflexão sistemática sobre a responsabilidade na pesquisa é um fenômeno recente em termos de história da ciência. Foi apenas no final do século XX que se iniciaram esforços organizados para entender o problema de má conduta científica, centrada principalmente em plágio, fraude e falta de ética em experimentos com seres humanos, e para verificar como ele aparecia nas diversas áreas do conhecimento. A agenda evoluiu em direção a sistemas transparentes para abordar adequadamente esses casos, com ênfase nas responsabilidades dos indivíduos envolvidos e no ambiente de pesquisa.
A integridade científica, um campo do conhecimento em processo de ampliação, incorporou questões como a reprodutibilidade dos resultados de pesquisas e o sistema de recompensas de pesquisadores, o avanço do movimento de acesso aberto de publicações científicas e suas implicações para todas as partes.
Um novo tópico de análise envolve cooperações entre países desenvolvidos e em desenvolvimento que propiciam situações de má conduta. Exemplos incluem a retirada de materiais como fósseis para estudo sem participação das comunidades locais e a coleta de amostras humanas para ensaios clínicos sem o estabelecimento de colaborações respeitosas com os pares.
O tema foi objeto da 7ª Conferência Mundial sobre Integridade em Pesquisa, realizada na Cidade do Cabo, na África do Sul, no final de maio, centrada na importância de promover colaborações internacionais mais equânimes, equilibradas e diversas. A reportagem de capa desta edição discute essa modalidade de má conduta e reconstitui a evolução do tema desde a primeira edição dessa conferência, em 2007.
Com a proximidade das eleições, aumentam os incentivos para difundir desinformação sobre o processo de votação. Um dos alvos recorrentes é o equipamento de registro e contabilização dos votos, a urna eletrônica. Desenvolvido no país há 26 anos, a pedido do TSE, o dispositivo implantou um sistema eleitoral robusto e ágil, sendo submetido a testes externos a cada eleição. Ouvimos o engenheiro Osvaldo Catsumi Imamura, da primeira equipe técnica da urna eletrônica e o principal responsável pela segurança do equipamento, sobre o processo de desenvolvimento do sistema e por que ele é confiável.
Na mobilização que marca a efeméride dos 200 anos de Independência do Brasil, esta edição traz a figura das brasilianas. Originalmente definido como coleções de obras dos séculos XVI a XIX sobre o Brasil, o conceito vem sendo rediscutido. Pesquisadores defendem que, para contribuir com os esforços de entender o país, as brasilianas devem ser ampliadas, por exemplo, abarcando também acervos documentais relacionados a essas obras e à cultura brasileira, além de registros da produção indígena e de literatura das periferias.
Em outra reportagem sobre o tema, apresentamos estudos sobre a participação feminina no processo de Independência do país, exemplificada por manifestos políticos, atuação em revoltas, cuidados com os combatentes e mesmo em luta na linha de frente, como foi o caso de Maria Quitéria, que dá nome a uma rua central no bairro de Ipanema, no Rio de Janeiro. Durante o século XIX, construiu-se a imagem da baiana como heroína da guerra da Independência.
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