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Tecnociência

Ansiedade na periferia

Pais e professores deveriam prestar mais atenção ao comportamento das crianças e dos adolescentes, em especial nas regiões de baixa renda. O garoto que vive brigando ou a adolescente retraída demais podem ter mais do que um problema de indisciplina ou timidez. Podem precisar de atendimento psiquiátrico ou psicológico. Cristiane Silvestre de Paula e Isabel Bordin, da Unifesp, avaliaram 479 meninos e meninas com idade entre 6 e 17 anos moradores do Embu, na Grande São Paulo, uma das cidades mais violentas do país. Resultado: 25% das crianças e dos adolescentes apresentavam sintomas de ansiedade, depressão ou outros problemas de saúde mental – proporção elevada, mas semelhante à de outras regiões de baixa renda da América Latina. Em 7,3% dos casos os sinais eram intensos o suficiente para afetar a vida na escola, a relação com os familiares ou outras atividades. Projetada para a população de todo o Embu, essa proporção corresponde a 3.830 garotos e meninas que necessitariam de tratamento psicológico ou psiquiátrico. Como previsto, os problemas de saúde mental foram mais freqüentes entre as meninas, com predomínio de sinais de ansiedade e depressão. Inesperadamente, o nível de agressividade entre elas foi tão alto quanto entre os meninos. No Embu a rede pública de saúde com atendimento em saúde mental levaria sete anos para atender esses casos. “Essa situação provavelmente é semelhante à da periferia dos grandes centros brasileiros”, diz Cristiane.

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