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BOAS PRÁTICAS

Antropóloga lança iniciativa para estimular citações de cientistas negras

As antropólogas norte-americanas Daina Berry, Christen Smith e Yasmiyn Irizarry

Montinique Monroe

Uma campanha lançada pela antropóloga norte-americana Christen Smith, da Universidade do Texas, em Austin, busca chamar a atenção de pesquisadores para que eles reflitam sobre suas práticas de citação e incorporem mais trabalhos de mulheres negras em suas pesquisas. O movimento teve início sob a forma de protesto. Cansada de ver trechos de seus trabalhos em apresentações de terceiros sem os devidos créditos, Smith resolveu ir à conferência da Associação Nacional de Estudos da Mulher, em Baltimore, em fins de 2017, vestindo uma camiseta com os dizeres “Cite Black Women”. A peça fez sucesso e passou a ser usada também por outras pesquisadoras negras que enfrentavam o mesmo problema.

O movimento cresceu e ganhou as redes sociais. Smith se juntou a outras colegas e lançou um blog, um site e um podcast quinzenal, nos quais discute ideias e contribuições de cientistas negras, ativas dentro e fora da academia. A ideia é que outros pesquisadores conheçam seus trabalhos e passem a lê-los com mais frequência, citando-os em suas produções e os incluindo em seus programas de estudo.

A iniciativa vem na esteira de um movimento mais amplo que demanda que os acadêmicos nos Estados Unidos reconheçam a existência de desigualdades nas práticas de citação e prestem mais atenção ao trabalho de grupos que normalmente são pouco citados – estudos recentes indicam que indivíduos negros, sobretudo mulheres, recebem menos citações do que homens brancos. Várias iniciativas foram lançadas nos últimos anos para tentar corrigir esse problema. Elas incluem códigos de computador que ajudam os cientistas a estimar o equilíbrio de gênero e raça nas referências de seus artigos e sites dedicados a destacar papers de grupos pouco reconhecidos. “Não se trata apenas de trazer mais diversidade às listas de referência”, disse Smith, em entrevista à revista Nature. “Não estamos falando apenas de referências bibliográficas, mas de reconhecimento, de engajamento e de valorização de ideias.”

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