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França

As dores da autonomia

laura_autonomialaurabeatrizPesquisadores das universidades da França entraram em confronto com o governo. Uma greve que paralisou várias instituições e manifestações que duraram dois dias, com direito a arremessos de sapatos na fachada do Ministério da Educação Superior, marcaram a reação a um decreto do presidente Nicolas Sarkozy. Subproduto da lei de autonomia universitária aprovada em 2007, o decreto estabelece que a avaliação dos pesquisadores contemple as contribuições para o ensino e a administração, em vez de ser baseada exclusivamente no mérito da pesquisa. As universidades também ganham o poder de definir quanto tempo seu pessoal vai gastar em ensino e pesquisa. O problema não é o formato da avaliação, mas o fato de o decreto transferir para reitores a responsabilidade de avaliar os pesquisadores, até então a cargo de um conselho nacional. Numa carta que teve como principal signatário Albert Fert, Nobel de Física de 2007, cientistas expressaram preocupação quanto ao controle que os administradores acadêmicos passarão a ter sobre o trabalho dos pesquisadores. O geneticista Axel Kahn, reitor da Universidade de Paris-Descartes e defensor das reformas, disse à revista Nature que a velocidade das mudanças assustou os cientistas. “Não acredito que se possa mudar um sistema consolidado e nacional tão rapidamente”, afirmou.

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