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COVID-19

As nanopontes cheias de vírus que infectam os neurônios

Coronavírus (em azul) no interior e na superfície dos nanotubos

Anna Pepe / Instituto Pasteur

Como o Sars-CoV-2, causador da Covid-19, penetra os neurônios, desprovidos do receptor da enzima conversora de angiotensina 2 (ACE-2), que facilita a entrada do vírus em outras células? Uma equipe do Instituto Pasteur de Paris e do Conselho Nacional de Pesquisa Científica (CNRS) da França pode ter encontrado uma resposta: o coronavírus induz a formação de nanotubos entre neurônios infectados e não infectados, desse modo disseminando-se no sistema nervoso central. Por meio de refinadas técnicas de microscopia, os pesquisadores identificaram partículas virais na superfície e no interior dos nanotubos. Formados pela fusão das membranas de células, os nanotubos se mostraram um ambiente apropriado para a multiplicação do vírus, já que o sistema de defesa do organismo não os detecta. Esse mecanismo poderia explicar como o coronavírus consegue sair das células epiteliais olfativas da cavidade nasal para os neurônios sensoriais olfativos do sistema nervoso central e causar a perda de olfato, paladar e memória, além de falta de concentração. Estudos anteriores no Instituto Pasteur mostraram que os nanotubos, ao permitir a passagem de proteínas, favorecem o desenvolvimento de doenças degenerativas, como Alzheimer ou Parkinson (Science Advances, 22 de julho, e boletim do Instituto Pasteur, 21 de julho).

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