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Geologia

As razões da estabilidade do Nilo

Rio segue o mesmo caminho há quase 30 milhões de anos no norte da África

Nasa

Um dos mais extensos rios do mundo, o Nilo abastece com água e nutrientes as terras de 11 países do nordeste da África ao longo de seus 6,8 mil quilômetros. Foi assim no florescer das civilizações da Antiguidade, e provavelmente há bem mais tempo. Uma equipe liderada pelo geólogo italiano Claudio Faccena, da Universidade do Texas em Austin, Estados Unidos, e da Universidade Três de Roma, na Itália, reforça a ideia de que o Nilo manteve praticamente inalterado o seu curso, rumo ao norte, nos últimos 30 milhões de anos, sofrendo pequenas variações. A ideia não é nova. Havia sido proposta em meados dos anos 1970 e encontrava suporte em evidências geológicas: sedimentos datados em 30 milhões de anos coletados no delta do Nilo eram originários das terras altas da Etiópia, onde fica um de seus tributários. Outros grupos argumentavam que o rio inicialmente correria para o Atlântico, a oeste, ou para a atual Líbia, a noroeste, antes de se desviar há 6 milhões de anos para o norte. Faccena e sua equipe compararam sedimentos das terras altas da Etiópia com os acumulados no delta do Nilo e, com a ajuda de modelagens computacionais, reconstruíram a evolução geológica da região. Concluíram que essa região da Etiópia sofreu um soerguimento rápido há uns 40 milhões de anos e assim se manteve, sustentada pelo movimento de rochas pastosas a altas temperaturas do manto, a camada inferior à crosta do planeta (Nature Geo-science, 12 de novembro). Por volta da mesma época, a crosta terrestre sob o atual Egito teria afundado, criando o desnível que manteve a drenagem do Nilo.

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