“O selo da FAPESP na capa de um livro diz tudo sobre a qualidade desse livro”, assegura a professora Lúcia Santaella, uma das maiores especialistas brasileiras em semiótica e docente da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Ela fala com conhecimento de causa, pois seu livro mais recente, Matrizes da Linguagem e Pensamento; Sonora, Visual e Verbal (425 págs., Editora Iluminuras/FAPESP, R$ 49,00), que contou com o auxílio-publicação da Fundação, ganhou o prestigioso Prêmio Jabuti de 2002 na categoria Teoria Literária/Lingüística.
“Minha obra é fruto de anos de pesquisas, algumas delas financiadas pela FAPESP, mas seria impossível editar esse novo estudo, com mais de 600 laudas, sem esse apoio”, disse a pesquisadora, que em julho estava em Kassel, na Alemanha, participando de um seminário no qual expôs as idéias da nova publicação.
“Esse é o 21º livro, acredito que eu tenha um nome conhecido, mas ainda assim nenhuma editora iria se arriscar em editarMatrizes da Linguagem e Pensamento pela sua complexidade”, acredita. “Assim como em outros países as publicações universitárias são absorvidas pelas editoras universitárias, no Brasil a FAPESP preenche essa função de forma exemplar, uma iniciativa excelente.” A professora é autora, entre outros, de Estética de Platão a Pierce, Imagem – Cognição, Semiótica e Mídia e Convergências – Poesia Concreta e Tropicalismo.
O novo estudo é, ao mesmo tempo, uma suma de seus trabalhos sobre semiótica e a apresentação de uma nova teoria sobre as três matrizes da linguagem e do pensamento, baseadas nas teorizações de Charles Sanders Pierce, com aplicações em campos diversos, como a música, as artes visuais, televisão, cinema e a informática.
O auxílio-publicação foi igualmente determinante na outra premiação do Jabuti de 2002, dessa vez na categoria Ciências Humanas: Festa, Cultura e Sociabilidade na América Portuguesa (Edusp/FAPESP/ Hucitec, dois volumes com CD encartado, 992 págs., R$ 115,00), organizado por István Jancsó, do Departamento de História da Universidade de São Paulo (USP), e Iris Kantor, da Escola de Sociologia e Política (ESP). A obra, já considerada de referência, reúne 49 artigos de pesquisadores brasileiros e portugueses, inicialmente apresentados durante um seminário na USP em 1999 que, convertidos em livro, traçam um painel da história das festividades no imaginário nacional, nas palavras de Iris Kantor “uma pré-história do nosso Carnaval”.
“Não tenho dúvidas de que foi esse auxílio, ao nos possibilitar essa edição tão bela, o responsável pela conquista do Jabuti”, afirma Kantor. A pesquisadora lembra também que a instituição igualmente ajudou na organização do congresso que deu origem ao livro. “A universidade produz coisas boas que infelizmente não possuem um lugar no mercado comercial. O auxílio-publicação é necessário, pois nos ajuda a ocupar esse nicho e a chegar aos leitores.”
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