Alguns microrganismos destroem obras de arte, mas outros as protegem, concluiu um estudo liderado pela microbiologista Elisabetta Caselli, da Universidade de Ferrara, na Itália (PLOS ONE, 5 de dezembro). A pintura cuja análise levou a essa conclusão foi a Coroação da Virgem, do artista italiano Carlo Bononi (1569-1632). Essa obra foi concluída em 1620 e retirada para restauração da Basílica de Santa Maria em Vado, em Ferrara, após um terremoto em 2012. Os pesquisadores removeram uma amostra de 4 milímetros quadrados da superfície pintada adjacente a uma área danificada e examinaram os microrganismos ali instalados, usando técnicas de microscopia e cultura microbiana. Em seguida, isolaram linhagens de bactérias Staphylococcus e Bacillus e fungos filamentosos dos gêneros Aspergillus, Penicillium, Cladosporium e Alternaria. Uma das conclusões é que pigmentos de tinta usados no século XVII, especialmente a laca vermelha e as terras vermelhas e amarelas, podem ser fontes de nutrientes para os micróbios. No entanto, um composto descontaminante com esporos de B. subtilis, B. pumilus e B. megaterium mostrou-se in vitro capaz de inibir o crescimento de bactérias e fungos isolados da pintura. O achado pode indicar uma nova abordagem para a preservação de obras de arte em risco de biodegradação. Os pesquisadores estão fazendo mais testes em substratos similares aos da tela de Bononi para ver se e como a bactéria Bacillus poderia de algum modo danificar a superfície de obras de arte.
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