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Boas práticas

Baixa representação de negros

Estudo mostra queda na proporção de afrodescendentes entre os graduados em física e astronomia nos Estados Unidos

Formatura de 2013 no Morehouse College, em Atlanta, Estados Unidos, instituição que mais forma físicos negros

Pete Souza/The White House

O American Institute of Physics (AIP), que reúne várias sociedades científicas nos Estados Unidos, montou uma força-tarefa dedicada a ampliar a proporção de afrodescendentes entre estudantes de graduação de física e astronomia. Um relatório produzido pela equipe apresentou um diagnóstico dramático. Enquanto o número geral de formados nessas duas áreas no país triplicou entre 1990 e 2020, a proporção de alunos negros caiu de 4,8% em 1999 para 3,1% em 2020, de acordo com dados do Departamento de Educação.

Apenas 262 afrodescendentes se formaram em física e astronomia em instituições norte-americanas em 2020 e a maior parte deles frequentou universidades e faculdades historicamente dedicadas a acolher estudantes negros, como o Morehouse College, em Atlanta, e a Universidade Xavier da Louisiana, em New Orleans. Já em grandes universidades, a presença desses alunos ainda é rara. Cerca de 30% dos 853 departamentos de instituições dos Estados Unidos que concedem diplomas de física e astronomia não formaram um único aluno negro entre 1999 e 2020. Outros 30% formaram um ou dois afrodescendentes cada um no mesmo período.

O problema se agrava na pós-graduação. “Estudantes negros representaram menos de 1% dos doutorados em física em 2019 nos Estados Unidos”, observou Jeffrey Mervis, jornalista norte-americano especializado em política científica, em artigo publicado no dia 1º de março no site da revista Science. Segundo ele, permaneceu estável nas últimas duas décadas o número de títulos de doutor em física concedidos a estudantes negros. Em contraste, esse indicador aumentou substancialmente entre alunos hispânicos.

De acordo com o AIP, dois fatores principais explicam a sub-representação: a falta de apoio aos alunos negros nos cursos de física e astronomia e os desafios financeiros que eles enfrentam para levar adiante os estudos. Para cumprir o objetivo de dobrar o contingente de estudantes afrodescendentes formados nas duas disciplinas até 2030, a força-tarefa recomendou que um consórcio de sociedades científicas crie um fundo de US$ 50 milhões voltado tanto para custear a formação desses alunos como para investir em programas de acolhimento em faculdades e universidades.

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