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Esporte e Ciência

Bastidores de um espetáculo

O es­por­te vive mais uma vez seu zê­ni­te nes­tas Olim­pí­a­das de 2004. Su­pe­ra­ção, re­cor­des, ale­­gri­as e tris­te­zas imen­sas mis­tu­ra­das a do­res qua­se in­su­por­tá­veis es­ta­rão pre­sen­tes em Ate­nas, Gré­cia, em um es­pe­­tá­cu­lo vis­to com es­pe­ci­al ca­ri­nho pe­los ado­ra­do­res do es­por­te e apai­xo­na­dos pe­­la his­tó­ria. O fato de os gre­gos te­rem cri­a­do os jo­gos na An­ti­gui­da­de e lá ter ocor­ri­do a pri­mei­ra edi­ção da com­pe­ti­ção da era mo­der­na, em 1896, evo­ca tem­pos em que os ho­mens pa­re­ci­am mais sau­dá­veis e em cons­tan­te har­mo­­nia en­tre si. Isso, cla­ro, está lon­ge de ser ver­da­de. Para os jo­gos ocor­re­rem era pre­ci­so de­cre­tar uma tré­gua nas cons­tan­tes guer­ras en­tre as ci­da­des-es­ta­do, mu­lhe­res não po­di­am com­pe­tir ou as­sis­tir às pro­vas na mai­o­ria das ve­zes e os tra­pa­cei­ros (sim, tam­bém na­­que­la épo­­­ca ha­via quem ten­tas­se ga­nhar rou­ban­do) eram hu­mi­lha­dos pu­bli­ca­men­­te e obri­­ga­dos a pa­gar mul­tas. Pen­san­do bem, o es­pí­ri­to olím­­pi­co nun­ca foi tão no­bre ou puro como se pen­sa­va. Mas atra­vés dos sé­cu­los per­ma­ne­ce o de­se­jo e o fas­cí­nio de ser o mais rá­pi­do, o mais alto, o mais for­te (ci­ti­us, al­ti­us, for­ti­us, no ori­­gi­nal em la­tim) e em­pur­rar para mais lon­ge o li­mi­te hu­ma­no no es­por­te – nos tem­pos de hoje algo que não se faz sem ci­ên­cia e tec­no­lo­gia.

A pre­sen­te edi­ção tem por ob­je­ti­vo ex­pli­car como a ci­ên­cia aju­da ho­mens e mu­lhe­res a tur­bi­nar seu de­sem­pe­nho pa­ra al­can­çar mar­cas iné­di­tas. Esta re­vis­ta é um fru­to de Pes­qui­sa FA­PESP, pu­bli­ca­ção men­sal de di­vul­ga­ção ci­en­tí­fi­ca da Fun­da­ção de Am­pa­ro à Pes­qui­sa do Es­ta­do de São Pau­lo (FA­PESP), que traz re­por­ta­gens so­bre pro­je­tos bra­si­lei­ros de pes­qui­sas ci­en­tí­fi­cas e tec­no­ló­gi­cas e, cla­ro, seus re­sul­ta­dos. Pu­bli­ca­da des­de 1999 até fe­ve­rei­ro de 2002 sua cir­­cu­la­ção es­ta­va res­tri­ta à co­mu­ni­da­de ci­en­tí­fi­ca, es­pe­ci­al­men­te de São Pau­­lo. Em mar­ço da­que­le ano Pes­qui­sa FA­PESP pas­sou a ser dis­tri­bu­í­da nas ban­cas das prin­ci­pais ci­da­des bra­si­lei­ras jus­­ta­men­te para que qual­quer lei­tor in­te­res­sa­do pu­des­se co­nhe­cer os avan­ços da pro­du­ção da ci­ên­cia no Bra­sil. Es­por­te e Ci­ên­cia foi cri­a­da, es­cri­ta (em par­te) e edi­ta­da pelo edi­tor es­pe­ci­al Mar­cos Pi­­vet­ta, que viu no pro­je­to uma for­ma de fa­lar de Olim­pí­a­das, de ci­ên­cia e de di­­zer aos lei­to­res de fora da co­mu­ni­da­de de pes­qui­sa­do­res e pro­fes­so­res que exis­te uma re­vis­ta ca­paz de no­ti­ci­ar e ex­pli­car os pro­je­tos ci­en­tí­fi­cos re­a­li­za­dos no Bra­sil com ri­gor e cla­re­za jor­na­lís­ti­ca.

Acre­di­ta­mos que Es­por­te e Ci­ên­cia cum­priu bem a mis­são pro­pos­ta – e re­a­­­li­za­da – por Pi­vet­ta. Dos tem­pos em que os jo­gos fo­ram cri­a­dos, em 776 a.C., como par­te de um ri­tu­al re­li­gio­so, até o mo­men­to atu­al, em que mos­tra­mos o peso eco­nô­mi­co e so­cial das ati­vi­da­des fí­si­cas no Bra­sil, esta edi­ção es­pe­ci­al dá uma vi­são pa­no­râ­mi­ca so­bre as Olim­pí­a­das e, em es­pe­ci­al, so­bre até onde é pos­sí­vel avan­çar com o au­xí­lio ci­en­tí­fi­co. Te­ci­dos in­te­li­gen­tes, sa­pa­ti­lhas de­se­nha­das sob me­di­da no com­pu­ta­dor, va­ras de fi­bra de car­bo­no per­mi­tem ao atle­ta um ga­nho ex­cep­ci­o­nal no de­sem­pe­nho in­di­vi­du­al. Em al­guns ca­sos a tec­no­lo­gia avan­çou tan­to que foi ba­ni­da, como a ra­que­te de tê­nis cria­da em 1977, que usa­va du­plas de cor­das co­ber­­tas com um plás­ti­co. A no­vi­da­de fun­ci­o­nou tão bem que te­nis­tas me­dí­o­cres co­me­ça­ram a ter re­sul­ta­dos ex­cep­ci­o­nais con­tra os mais ta­len­to­sos jo­ga­do­res da épo­­ca, que usa­vam equi­pa­men­to nor­mal. A Fe­de­ra­ção In­ter­na­ci­o­nal de Tê­nis proi­biu a su­per-­ra­que­te.

Es­ses e ou­tros exem­plos igual­men­te sa­bo­ro­sos acom­pa­nham os textos de Mar­cos Pi­vet­ta, Ro­gé­rio Schle­gel e Re­née Cas­te­lo Bran­co, jun­to com o ex­traor­di­ná­rio tra­ba­lho grá­fi­co do di­re­tor de arte Hé­lio de Al­mei­da. Vale a pe­­na atra­­ves­sar es­tas pá­gi­nas. Às ve­zes, é mais di­ver­ti­do acom­pa­nhar o es­pe­tá­cu­lo quan­do se sabe o que se pas­sa nos bas­ti­do­res do pal­co.

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