Sociologia
Balanço religioso
O artigo Desafios estratégicos da Igreja Católica, de Dermi Azevedo, jornalista e mestre em Ciência Política pela Universidade de São Paulo (USP), procurou traçar uma perspectiva a longo prazo da Igreja Católica, à luz do Concílio do Vaticano II (1962-1965), evento histórico que procurou adequar a instituição aos desafios da modernidade. A investigação indica que o cristianismo, nas suas vertentes católica e evangélica, possui atualmente cerca de 2 bilhões de seguidores no mundo. Desse universo, 553 milhões estão na Europa, 802 milhões nas Américas, 351 milhões na África, 290 milhões na Ásia e 24 milhões na Oceania. O estudo faz um levantamento dos principais desafios estratégicos enfrentados pela Igreja Católica Apostólica Romana neste início de século, citando fatos como o avanço dos fenômenos da deseclesialização, o fim do eurocentrismo eclesiástico, a persistência do déficit democrático interno e a concorrência simultânea dos novos agrupamentos religiosos. O autor defende que, nos últimos 40 anos, houve um aprofundamento do descompasso entre a missão externa da Igreja, “que tem reconhecido os valores modernos”, e o déficit democrático de suas estruturas e práticas internas. “A Igreja continua a enfrentar temas polêmicos, tais como o controle da natalidade, o celibato obrigatório para o clero, o reaproveitamento dos padres casados nas atividades eclesiais, o acesso das mulheres ao sacerdócio, a ordenação de homens casados e as questões de gênero e da homossexualidade”, aponta Azevedo. Além disso, há a questão do casamento de católicos divorciados e sua participação nos sacramentos e na comunidade católica, as mudanças na liturgia e as inovações científicas, incidindo especialmente no campo da bioética. Para Azevedo, o processo de modernização da Igreja Católica, quando chegar o momento da sucessão de João Paulo II, será inevitável.
Lua Nova – nº 60 – São Paulo 2003
Inovação
Parcerias de sucesso
Um caso de interação universidade-empresa considerado positivo. Este é o mote do artigo A relação universidade-empresa: comentários sobre um caso atípico, de Renato Dagnino e Erasmo Gomes, do Departamento de Política Científica e Tecnológica da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). O texto aborda a realização de um projeto de pesquisa e desenvolvimento (P&D) envolvendo docentes e pesquisadores da Faculdade de Engenharia Mecânica da Unicamp e de uma empresa multinacional do setor de autopeças. “O caso de interação estudado foi considerado bem-sucedido no que diz respeito às atividades de pesquisa universitária e à formação de recursos humanos. Na gênese dessa interação está o relacionamento pessoal, visto que a empresa contratava muitos engenheiros formados pela universidade”, aponta o estudo. A pesquisa possibilitou uma melhor compreensão sobre o comportamento dos professores da universidade, dos técnicos da empresa privada e das diferentes percepções que eles têm sobre os processos de interação. De acordo com o artigo, os impactos positivos mencionados pelos professores são, por exemplo, a possibilidade de obter novos conhecimentos e de repassá-los aos alunos, além da possibilidade de renovar as linhas de pesquisa existentes. Os técnicos da empresa julgaram o desenvolvimento de know-how próprio como uma das grandes vantagens da parceria, o que levou ambos os lados a recomendar um aumento no número de projetos realizados em cooperação.
Gestão e Produção – vol. 10 – nº 3 – São Carlos – dezembro 2003
Nutrição
Mascarando o gosto salgado
A suplementação de alimentos com zinco pode melhorar a aceitação das crianças pelas refeições com sal. O artigo Suplementação com zinco pode recuperar apetite para refeições de sal, de autoria de seis pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília, procurou avaliar o efeito do metal em crianças de 8 meses a 5 anos de idade com falta de apetite para refeições que continham sal. “A falta de apetite é um dos motivos mais freqüentes de consulta em clínica pediátrica. Sabe-se que sua prevalência pode alcançar 15% de todas as consultas na faixa etária de 6 meses a 4 anos de idade em um ambulatório de pediatria”, justificam os pesquisadores. O estudo, desenvolvido no ambulatório pediátrico do Hospital Universitário de Brasília, envolveu um total de 40 crianças de ambos os sexos. Todas foram selecionadas da população de crianças atendidas no ambulatório pediátrico a partir da queixa de falta de apetite para comida com sal. Dois grupos de 20 crianças foram acompanhados durante seis meses. As crianças do primeiro grupo receberam 1 mg/kg/dia de zinco sob forma de quelato, durante três meses, enquanto as do segundo grupo receberam uma solução de placebo durante o mesmo período. Em cada consulta era feita uma avaliação da história alimentar e se obtinha da mãe a informação referente ao apetite da criança. Os resultados mostram que a proporção de crianças suplementadas com zinco que respondeu com recuperação do apetite para refeições com sal foi maior do que a daquelas que receberam placebo.
Jornal de Pediatria (Rio de Janeiro) – vol. 80 – nº 1 – Porto Alegre – jan/fev 2004
Idosos
Vantagens da ginástica na água
O sedentarismo, que tende a acompanhar o envelhecimento, é um importante fator de risco para as doenças crônico-degenerativas, especialmente as afecções cardiovasculares, principal causa de morte nos idosos. “A prática de exercício físico contribui de maneira significativa para a manutenção da aptidão física dos mais velhos, seja na sua vertente da saúde como nas capacidades funcionais”, segundo o artigo Aptidão física relacionada à saúde de idosos: influência da hidroginástica, de autoria de Roseane Victor Alves, Manoel da Cunha Costa e João Guilherme Bezerra Alves, da Escola Superior de Educação Física da Universidade de Pernambuco (UPE), no Recife, e Jorge Mota, da Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física, de Portugal. Entre as várias possibilidades de se exercer uma atividade física existe uma em especial que foi considerada positiva pelos pesquisadores. “A hidroginástica apresenta algumas vantagens para esse grupo populacional, com o aproveitamento das propriedades físicas da água possibilitando um melhor rendimento aos idosos, além de oferecer menores riscos”, escreveram os autores. Pouco estudada, a prática da ginástica na água foi analisada em um grupo de 37 mulheres, que recebeu duas aulas semanais de hidroginástica durante três meses. Um outro grupo de mulheres do mesmo tamanho foi usado como parâmetro na pesquisa. A aptidão física foi avaliada por meio de uma bateria de testes com avaliações de força e resistência de membros inferiores e superiores, mobilidade física, resistência aeróbica, velocidade, agilidade e equilíbrio. Os testes foram aplicados antes do início das aulas e no fim do programa, após três meses. O grupo da hidroginástica apresentou um melhor desempenho em todos os pós-testes, quando comparados com os resultados do próprio grupo no pré-teste. “Observamos em nosso estudo uma melhora significativa em todos os testes de aptidão física aplicados, após o treinamento com aulas de hidroginástica”, disseram os pesquisadores no artigo. Eles concluíram que a prática de hidroginástica para mulheres idosas contribuiu significativamente para a melhoria da aptidão física relacionada à saúde.
Revista Brasileira de Medicina do Esporte – vol. 10 – nº 1 – Niterói – jan/fev 2004
Educação
Manual de instrução para as mães
Descrever o desenvolvimento de um material didático-instrucional, dirigido ao treinamento materno para preparar a alta hospitalar do bebê prematuro. Este é o objetivo do artigo Cartilha educativa para orientação materna sobre os cuidados com o bebê prematuro, desenvolvido por pesquisadoras da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo, em Ribeirão Preto. A investigação reflete sobre a criação de um material educativo para o treinamento de mães, elaborado com a participação das enfermeiras, auxiliares de enfermagem e das próprias mães. Utilizando como modelo pedagógico a educação conscientizadora, fundamentada na teoria de que todos os seres vivos aprendem por meio da interação com o ambiente, as autoras escolheram a metodologia participativa. Mães e enfermeiras do hospital universitário de Ribeirão Preto, interior de São Paulo, atuaram efetivamente no processo de desenvolvimento da cartilha educativa sobre os cuidados com o bebê prematuro. “Mais do que oferecer uma coletânea de perguntas e respostas, apresentamos referenciais que auxiliam o desenvolvimento das potencialidades das mães e instigam a equipe de enfermagem a trabalhar de forma dinâmica com um aliado, o material educativo”, dizem as pesquisadoras no estudo.
Revista Latino-Americana de Enfermagem – vol.12 – nº1 – Ribeirão Preto – jan/fev 2004
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