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História

Biblioteca sem paredes

Analisar o processo de criação do Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde (Bireme) com base nos contextos social, político e econômico. Essa é a proposta de Márcia Regina da Silva e Dante Gallian, da Universidade Federal de São Paulo, e Luis Ferla, da Fundação Armando Álvares Penteado, autores do estudo “Uma biblioteca sem paredes: história da criação da Bireme”. A criação da Biblioteca Regional de Medicina, para os autores, é um exercício duplamente significativo, uma vez que permite compreender parte da história da saúde e da educação médica no Brasil e também parte dos processos de consolidação e expansão da própria Organização Panamericana da Saúde (Opas). O artigo resgata uma série de documentos e depoimentos referenciais para discutir as questões envolvidas na implantação da então Bireme, iniciativa que teve grande influência no âmbito da integração cultural e científica latino-americana no campo das ciências da saúde. O nome Biblioteca Regional de Medicina inspirava-se no da instituição modelo, National Library of Medicine, e reafirmava a ambição da instituição em tornar-se um centro de referência para toda a América Latina. Em 1982, a biblioteca passou a ser denominada Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde, mas sua sigla persistiu. A Bireme foi fundada em 3 de março de 1967, por meio de convênio firmado entre a Opas, Escola Paulista de Medicina e os ministérios da Educação, Cultura e da Saúde do Brasil. Segundo o artigo, apesar de ser um acordo conjunto entre diferentes entidades, o destaque maior na condução do projeto e do planejamento da Bireme coube à própria Opas, em concordância com as diretrizes de trabalho que a organização passou a assumir no período posterior à Segunda Guerra Mundial. “As mudanças decorrentes da guerra, e suas conseqüências no âmbito do pensamento, da cultura e da tecnologia, influenciaram fortemente o universo das ciências da saúde, repercutindo principalmente no campo das políticas sanitárias”, escrevem os autores. A escolha do Brasil como sede da Bireme pode ser avaliada, entre outros motivos, sob a perspectiva do crescimento do ensino de medicina no país e da comparação deste com o conjunto dos países da América Latina. Nos anos 1960, 44% das escolas médicas latino-americanas estavam sediadas no Brasil.

História, Ciências, Saúde-Manguinhos – vol. 13 – nº 1 – Rio de Janeiro – jan./mar. 2006

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-59702006000100006&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt

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