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POLÍTICA C&T

Brasil avança cinco posições em ranking global de inovação

País ocupa a 49ª colocação no estudo elaborado pela Ompi e é o líder na América Latina

Unicórnios: a existência de quase duas dezenas de startups com valor de mercado igual ou superior a US$ 1 bilhão ajudou no melhor posicionamento do Brasil

Julia Cherem Rodrigues / Revista Pesquisa FAPESP

O Brasil avançou cinco posições na lista das economias mais inovadoras do mundo e agora ocupa o 49º lugar, de acordo com a mais recente edição do Índice Global de Inovação (IGI), divulgada nesta quarta-feira (27/10). Elaborado pela Organização Mundial da Propriedade Intelectual (Ompi), uma das agências da Organização das Nações Unidas (ONU), o ranking é divulgado todos os anos e analisa o ecossistema de inovação de 132 países. Essa é a segunda melhor colocação obtida pelo Brasil na história do estudo, depois do 47º lugar alcançado em 2011.

Com o resultado, o país figura como o mais inovador da América Latina e Caribe, ultrapassando o Chile, que ocupava a primeira posição no ano passado. O México manteve-se em terceiro lugar na região. Entre os integrantes do Brics, o Brasil está numa posição intermediária, superado por China (12ª colocada no geral) e Índia (40ª) e à frente de Rússia (51ª) e África do Sul (59ª).

Em outro recorte do relatório, o Brasil está posicionado em 6º lugar entre as 33 nações classificadas como de renda média elevada, grupo encabeçado pela China. Nos últimos quatro anos, e desde o início da pandemia, Brasil, Indonésia, Arabia Saudita, Paquistão e Maurício foram as economias que mais melhoraram seu desempenho no estudo, de acordo com a Ompi.

Ao comentar o resultado do IGI durante o 10º Congresso Internacional de Inovação da Indústria, realizado esta semana em São Paulo, o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade, comemorou o progresso feito pelo país, mas fez ressalvas. “A posição do Brasil vem melhorando nos últimos anos, no entanto, temos um potencial inexplorado para melhorar o nosso ecossistema de inovação, atingir o objetivo de integrar os setores científico e empresarial e, consequentemente, promover maior inovação”, afirmou.

Alexandre Affonso / Revista Pesquisa FAPESP

Considerado um dos principais indicadores para comparar o grau do progresso científico e tecnológico entre países, o ranking é liderado pela Suíça, seguida por Suécia, Estados Unidos, Reino Unido e Singapura. O IGI utilizou 80 indicadores quantitativos e qualitativos para monitorar as tendências mundiais no campo da inovação. O Brasil apresentou pontuações elevadas em indicadores como escala do mercado doméstico (8ª posição), marcas registradas (13ª), serviços governamentais on-line (14ª) e valor de seus 16 unicórnios (22ª) – startups que atingem valor de mercado igual ou superior a US$ 1 bilhão. A posição média nos itens de pesquisa e desenvolvimento é 35. Por outro lado, o país está na posição 100 ou pior em cinco itens, um dos quais é o ambiente de negócios.

“A melhora em alguns indicadores [serviços governamentais on-line, marcas registradas e existência de unicórnios] explica o ganho de posições do país no ranking deste ano”, afirma a especialista em política científica e tecnológica Anapatrícia Morales Vilha, pesquisadora do Centro de Engenharia, Modelagem e Ciências Sociais Aplicadas da Universidade Federal do ABC (UFABC) e assessora da Diretoria Científica da FAPESP. Segundo ela, o Brasil se destaca entre os demais países de renda média principalmente pelos bons resultados de indicadores que se conectam à sofisticação do ambiente de negócios.

Vilha explica que o estudo da Ompi é embasado em um amplo conjunto de indicadores e leva em consideração elementos que os autores do relatório chamam de inputs e outputs de inovação. “Inputs são todos os indicadores que vão sustentar os esforços e as capacidades de um país para fazer inovação, ou seja, que permitem avaliar as instituições, políticas de inovação, capacidade de recursos humanos qualificados, infraestrutura, sofisticação tecnológica, ambiente de negócios e capital vocacionado para estimular ações para a inovação e o ecossistema”, diz Vilha. “Os outputs de inovação, por sua vez, têm foco nos benefícios derivados do conhecimento gerado pela inovação, bem como a geração de riqueza oriunda do esforço mobilizado pela inovação.”

A especialista avalia que, apesar da melhora progressiva do Brasil no IGI nos últimos três anos, o país poderia estar mais bem situado. “Ainda estamos aquém de nosso potencial econômico, inovativo e tecnológico. Somos a 10ª maior economia do mundo. Temos um sistema científico diversificado e centros de excelência importantes. Há condições de melhorar ainda mais no ranking”, diz.

A íntegra do relatório Índice Global de Inovação 2023 pode ser acessada aqui.

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