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Investimentos

Com novos Cepids, FAPESP busca ampliar interação com empresas

Dezessete novos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão foram oficialmente apresentados pelo governador do Estado de São Paulo

O governador Geraldo Alckmin classificou a ocasião como “um dia histórico para São Paulo”

Divulgação/GESP O governador Geraldo Alckmin classificou a ocasião como “um dia histórico para São Paulo”Divulgação/GESP

Agência FAPESP – Os 17 novos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (Cepids) apoiados pela FAPESP foram oficialmente apresentados nesta quinta-feira em cerimônia no Palácio dos Bandeirantes. O evento contou com a presença do governador Geraldo Alckmin, que classificou a ocasião como “um dia histórico para São Paulo”.

Alckmin destacou a importância de ter uma política estadual interagindo com os institutos de pesquisa das várias secretarias, as universidades, a FAPESP e os 17 parques tecnológicos do estado. “Se existe orgulho justo, um desses orgulhos justos são as nossas universidades e a FAPESP, que é um paradigma para as instituições similares existentes em todo o país”, ressaltou.

Ao longo dos próximos 11 anos, serão investidos cerca de R$ 1,4 bilhão no financiamento dos novos Cepids – R$ 760 milhões da FAPESP e R$ 640 milhões estimados em salários pagos pelas instituições sede aos pesquisadores e técnicos. A iniciativa envolve 499 cientistas do Estado de São Paulo e 68 de outros países, como pesquisadores principais ou associados.

“Os primeiros 11 Cepids tiveram um impacto importante para o avanço do conhecimento no Estado de São Paulo. Agora, eles são 17, com o expressivo número de dez em cidades do interior, o que representa um processo harmônico de descentralização da geração de conhecimento”, ressaltou o presidente da FAPESP, Celso Lafer.

“Os Cepids, pelos valores financeiros que envolvem e pela extensão de tempo garantida a seu trabalho, são uma expressão da densidade do conhecimento produzido no Estado de São Paulo e estão ligados à infraestrutura de pesquisa que existe aqui em nossas universidades e nossos institutos de pesquisa”, disse Lafer.

O presidente da FAPESP também ressaltou a preocupação da Fundação em trabalhar projetos com concepção semelhante à dos Cepids, mas adaptados às necessidades do setor produtivo, com o intuito de aproximar as empresas privadas das universidades e institutos de pesquisa e criar centros cofinanciados por indústrias e pela FAPESP.

“Um desses projetos já resultou num acordo de cooperação com a automobilística Peugeot-Citröen, que vai criar um Centro de Pesquisas em Engenharia por pelo menos dez anos para desenvolver projetos sobre motores de combustão interna, adaptados ou desenvolvidos especificamente para biocombustíveis e sobre a sustentabilidade dos biocombustíveis. Outros estão em negociações, como o com a empresa farmacêutica GSK, numa demonstração de entrosamento entre o setor produtivo e a FAPESP, em benefício do nosso estado”, contou Lafer.

Parceria com setor produtivo
De acordo com dados apresentados pelo diretor científico da FAPESP, Carlos Henrique de Brito Cruz, mais da metade do dispêndio em pesquisa e desenvolvimento no Estado de São Paulo é feito por empresas, diferentemente do que acontece no restante do país, onde a participação das empresas é menor.

“Isso só ocorre em lugares onde tem vitalidade e força no setor acadêmico. É impossível acontecer sem boas universidades e boa formação de pessoal. Por isso, mais da metade das patentes registradas no Brasil [depositadas por universidades e por empresas] se originam de São Paulo”, avaliou.

Em seguida, Brito Cruz apresentou os 17 coordenadores dos novos Cepids e falou sobre os temas que serão tratados em cada um dos centros.

Conforme explicou o diretor científico da FAPESP, os CEPIDs foram selecionados entre 90 propostas, com a ajuda de 150 assessores brasileiros e estrangeiros, além de um comitê internacional e dos comitês internos da FAPESP. As propostas foram avaliadas pelo mérito científico, ousadia, originalidade, competitividade internacional e pela qualificação das equipes e suas lideranças.

Entre os centros selecionados, oito são da área de saúde, dois são da área de ciências humanas e sociais e sete de engenharia, ciências naturais e matemática.

Os temas incluem alimentos e nutrição; vidros e cerâmica; materiais funcionais; neurociência e neurotecnologia; doenças inflamatórias; biodiversidade e descoberta de novas drogas; toxinas, resposta imune e sinalização celular; neuromatemática; ciências matemáticas aplicadas à indústria; obesidade e doenças associadas; terapia celular; estudos metropolitanos; genoma humano e células-tronco; engenharia computacional; processos oxidantes e antioxidantes em biomedicina; violência; e óptica, biofotônica e física atômica e molecular.

No término de sua apresentação, Brito Cruz também ressaltou o interesse da FAPESP em promover a vinda para o estado de centros de pesquisa empresariais, para trabalhar em colaboração com as universidades e os institutos de pesquisa paulistas. “Em uma ação articulada entre a FAPESP e outras agências do governo do estado poderíamos elevar isso a um outro patamar de intensidade muito benéfico para a população paulista”, opinou.

Conselho Estadual de Ciência e Tecnologia
Durante sua participação na cerimônia, o novo titular da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia, Rodrigo Garcia, revelou que nos próximos dias deverá ser publicado um decreto para constituir o novo Conselho Estadual de Ciência e Tecnologia. O órgão será presidido pelo governador Alckmin e contará com a participação de membros das universidades estaduais, dos institutos de pesquisa e da FAPESP.

Segundo Garcia, o conselho terá a missão de aproveitar a experiência acumulada no meio acadêmico para elaborar um plano estadual de ciência e tecnologia que permita potencializar os investimentos em pesquisa e buscar resultados ainda melhores que os já obtidos.

“Esperamos que, com a pauta a ser deliberada por esse conselho, possamos criar mais ações como os Cepids, que foram muito bem-sucedidas e oferecem uma contribuição enorme para nosso estado”, afirmou o secretário.

Também compareceram ao evento o vice-presidente da FAPESP, Eduardo Moacyr Krieger, o diretor-presidente do Conselho Técnico-Administrativo da FAPESP, José Arana Varela, o reitor da Universidade de São Paulo (USP), João Grandino Rodas, o reitor da Universidade Estadual Paulista (Unesp), Julio Cezar Durigan, a pró-reitora de Pesquisa da Unicamp, Gláucia Pastore, a presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Helena Bonciani Nader, o presidente do CNPq, Glaucius Oliva, que também assume a coordenação do Centro de Inovação em Biodiversidade e Fármacos, e diversas outras autoridades.

Na avaliação de Varela, os novos centros têm dois desafios a serem vencidos na próxima década: aumentar o impacto da ciência brasileira e fortalecer a cultura da inovação no país. “Fazer o conhecimento chegar mais rápido ao setor que vai produzir riqueza ou desenvolver políticas públicas”, afirmou.

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