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Boas práticas

Como enfrentar o autoplágio

BP2aDaniel BuenoO Committee on Publication Ethics (Cope), fórum de editores de periódicos científicos sobre ética na pesquisa, divulgou diretrizes para lidar com “reciclagem de texto”, um eufemismo para o conceito de autoplágio, que é o expediente praticado por um autor de copiar trechos de seus artigos antigos em novos manuscritos. Com o advento de softwares capazes de rastrear repetições, tal artifício tornou-se facilmente detectável, desafiando os editores a tomar providências quando acham indícios de reaproveitamento em artigos já publicados ou manuscritos submetidos à publicação.

Produzidas pela plataforma de publicações BioMed Central por encomenda do Cope, as diretrizes consideram aceitável quando os trechos copiados estão nas seções de introdução, de métodos e até mesmo na de discussões. O uso de frases similares ou idênticas nessas seções, diz o documento, pode ser  até mesmo inevitável em algumas situações – como, por exemplo, quando o autor utiliza uma técnica que já descreveu anteriormente ou quando o artigo é um entre vários que produziu sobre um determinado tópico. Mas se a duplicação for detectada na hipótese, nos resultados, nas conclusões ou nas figuras, há risco de que a contribuição do paper não seja original, o que é inaceitável.

Cada caso deve ser analisado em seu contexto, diz o documento. “De modo geral, os editores devem considerar a extensão do texto que foi reciclado. O reúso de poucas sentenças é diferente da repetição literal de vários parágrafos, embora grandes porções de um texto reciclado nos métodos sejam mais aceitáveis do que a mesma porção de texto reciclado na seção de discussões”, afirmam as diretrizes.

Quando um autoplágio é detectado num manuscrito submetido à publicação, os editores podem não fazer nada ou pedir para que o autor reescreva trechos repetidos – isto se a reciclagem for considerada insignificante ou justificada. Já se o reúso for extenso e sugerir que a contribuição do artigo não é nova, o caminho é rejeitar o manuscrito, comunicando ao autor as razões da medida.

Se o problema for encontrado em artigos já publicados, os editores devem considerar a possibilidade de publicar uma correção ou de fazer a retratação do artigo, que é o cancelamento de sua publicação. A correção é o caminho adequado se houver material original suficiente no artigo que justifique a publicação. Deve-se adicionar citações esquecidas e esclarecer o que foi recusado. Mas a retratação pode ser necessária em casos extremos e considerados raros pelo Cope: quando a cópia for extensa, comprometer a originalidade do artigo e/ou infringir direitos autorais. As diretrizes alertam, porém, que a reciclagem era uma prática tolerada em décadas passadas. Os editores devem levar em conta a idade do artigo e o fato de o expediente ser aceito na época de sua publicação ao decidir se devem tomar alguma atitude.

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