Eletrodos implantados em duas áreas do cérebro de um homem de 34 anos completamente paralisado parecem ter permitido a ele voltar a se comunicar com os médicos e a família temporariamente. Os sinais elétricos captados pelos eletrodos eram analisados por um programa de computador tornando possível identificar, à medida que as letras do alfabeto eram lidas por um sintetizador de voz, aquelas que o paciente desejava usar para formar palavras. Portador de esclerose lateral amiotrófica, o homem perdeu progressivamente o controle voluntário dos músculos e a capacidade de se comunicar – depois de 2018 parou inclusive de mover os olhos. A interface cérebro-computador desenvolvida pela equipe do engenheiro biomédico Ujwal Chaudhary e do neurocientista Niels Birbaumer, então pesquisadores na Universidade de Tübingen, na Alemanha, possibilitou ao paciente formar, letra por letra, algumas frases, como “Quer assistir a Robin Hood comigo?”, dirigida ao filho. O ritmo era lento: em média, uma letra por minuto (Nature Communications, 22 de março). Por razões desconhecidas, recentemente a captação dos sinais se tornou menos confiável. Chaudhary e Birbaumer haviam feito dois experimentos semelhantes anos antes, mas os trabalhos foram retratados depois que uma denúncia levou a Fundação Alemã de Pesquisa (DFG) a analisar os dados e concluir que a dupla poderia ter incorrido em má conduta científica. Os pesquisadores mantiveram as afirmações feitas nos artigos e Birbaumer está processando a fundação (The New York Times, 22 de março). Alguns pesquisadores entrevistados pelo jornal acharam o resultado atual robusto e importante. Outros o viram com ceticismo.
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