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OCEANOGRAFIA

Congresso sobre o mar valoriza participação social

Ação coletiva poderia ajudar a resolver problemas ligados à poluição, perda de biodiversidade e redução dos estoques pesqueiros

Poluição plástica no oceano é um dos problemas a serem enfrentados

Liang Fu / Ocean Image Bank

“Nosso objetivo é promover ações coletivas capazes de mudar as relações humanas com o oceano”, comentou Francesca Santoro, coordenadora do Programa de Cultura Científica, da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), na manhã de segunda-feira (10/10). Ela estava no Teatro Guarany, em Santos (SP), na abertura do congresso Diálogos da Cultura Oceânica, que prossegue até sábado, dia 15. Os debates são abertos aos interessados, com transmissão on-line, sem a necessidade de inscrição prévia.

Na sessão de abertura e ao longo dos debates nos próximos dias, “a participação de entidades privadas e do poder público revela a necessidade de estarmos todos juntos”, reforçou Raiane Assumpção, vice-reitora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). O prefeito de Santos, Rogério Santos, e representantes do governo federal estavam a seu lado.

“A cultura oceânica implica mudança de comportamento de indivíduos e instituições”, disse o biólogo Ronaldo Cristofoletti, do campus da Unifesp na Baixada Santista, um dos coordenadores do congresso e do programa Maré de Ciência, que promove atividades educativas de difusão científica. Segundo ele, a ação coletiva é essencial para enfrentar os grandes problemas do ambiente marinho, como poluição, perda de biodiversidade e redução dos estoques pesqueiros. Cultura oceânica é um movimento internacional que pretende reformular as relações humanas com o ambiente marinho para torná-lo “limpo, saudável e previsível”.

Carlos Fioravanti / Revista Pesquisa FAPESPAções no congresso ressaltam a importância da participação da sociedadeCarlos Fioravanti / Revista Pesquisa FAPESP

O conceito de cultura oceânica nasceu entre cientistas nos Estados Unidos no início dos anos 2000. Meghan Marrero, do Mercy College, de Nova York, que participou de sua concepção, comentou no encontro em Santos que os pesquisadores logo buscaram a colaboração de educadores e representantes do governo para levar adiante suas ideias. “É importante não apenas entender os problemas, mas também aprimorar as habilidades de comunicar e informar os responsáveis pela tomada de decisões.”

“Não é fácil estabelecer conexões com outros grupos”, observou Raquel Costa, do Ministério da Economia do Mar, de Portugal. Ela trabalha nessa área há 10 anos, “tentando bater à porta de grandes empresas e de políticos regionais e centros de investigação”, como disse, para obter apoio para suas ações. Uma delas é a Escola Azul, projeto internacional que começou em Portugal com o propósito de promover esse tema no ensino regular. O programa Maré da Ciência é uma das iniciativas brasileiras ligadas ao projeto Escola Azul.

“Temos de promover a cultura oceânica não só entre as crianças nas escolas, mas também com os diretores das grandes empresas”, diz Costa. Segundo ela, o engajamento pode se tornar mais fácil à medida que o conceito de cultura oceânica mobilize não apenas a ciência, mas também arte, literatura e economia.

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