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Psicobiologia

Dependência de droga e religião

O estudo “Intervenção religiosa na recuperação de dependentes de drogas”, de Zila van der Meer Sanchez e Solange Aparecida Nappo, da Universidade Federal de São Paulo, analisa intervenções religiosas para recuperação de dependentes de drogas. Foi feita pesquisa qualitativa em São Paulo (2004 e 2005), com 85 entrevistados ex-usuários de drogas que haviam utilizado recursos religiosos não-médicos para tratar a dependência e abstinentes há pelo me­nos 6 meses. Os grupos analisados eram católicos, evangélicos e espíritas. As entrevistas continham questões sobre dados sociodemográficos, religiosidade do entrevistado, história do consumo de drogas, tratamentos médicos para dependência, tratamento religioso e prevenção ao consumo pela religião. Os evangélicos foram os que mais utilizaram a religião como forma exclusiva de tratamento, apresentando repulsa ao papel do médico e ao tratamento farmacológico. Os espíritas buscaram mais apoio terapêutico à dependência de álcool, simultaneamente ao tratamento convencional, justificado pelo maior poder aquisitivo. E os católicos utilizaram mais a terapêutica religiosa exclusiva, mas relataram menos repulsa ao tratamento médico. A importância dada à oração como método ansiolítico era comum entre os três tratamentos. A confissão e o perdão – por meio da conversão ou das penitências, respectivamente para evangélicos e católicos – exercem apelo à reestruturação da vida e aumento da auto-estima. Segundo os entrevistados, o que os manteve na abstinência do consumo de drogas foi mais do que a fé religiosa. Contribuíram para isso o suporte, a pressão positiva e o acolhimento recebido no grupo, e a oferta de reestruturação da vida com o apoio dos líderes religiosos.

Revista de Saúde Pública – v. 42 – nº 2 – São Paulo – abr. 2008

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