Dez anos depois de seu lançamento, o programa Biota-FAPESP inaugura uma nova fase. Dando sequência ao esforço que permitiu a descrição de mais de 500 espécies de plantas e animais espalhados pelos 250 mil quilômetros quadrados do território paulista – produziu 75 projetos de pesquisa, 150 mestrados e 90 doutorados, além de gerar 500 artigos em 170 periódicos 16 livros e dois atlas –, o programa agora se ocupará de desafios, como ampliar a visibilidade internacional de sua produção. Uma das metas é aumentar o número de publicações em revistas de impacto e incentivar o intercâmbio internacional de pesquisadores e professores visitantes e a participação em eventos no exterior. “Embora a pesquisa realizada no âmbito do Biota seja de alta qualidade, ainda não obtivemos um reconhecimento internacional equivalente a essa excelência”, explica Carlos Alfredo Joly, professor do Instituto de Biologia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e novo coordenador do programa, função que já ocupara entre 1999 e 2004.
Joly substitui Ricardo Ribeiro Rodrigues, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq-USP), cuja gestão foi marcada pela disponibilização dos dados sobre a biodiversidade para a elaboração de políticas públicas, a aproximação com iniciativas semelhantes de outros países e a institucionalização do programa – no mês passado, foi assinado um memorando de entendimento entre a FAPESP e a Unicamp, segundo o qual a universidade fornecerá estrutura e pessoal para sediar, desenvolver e administrar os bancos de dados do Biota. “Conseguimos avançar no cumprimento desses desafios, que haviam sido estabelecidos há cinco anos”, diz Ricardo Rodrigues. Desde sua criação, o programa recebeu um investimento médio anual de US$ 2,5 milhões feito pela FAPESP.
Bioprospecção
Os pesquisadores do Biota também irão ampliar o esforço para transformar em produtos os resultados da bioprospecção, por meio de uma aproximação maior da Rede Biota de Bioprospecção e Ensaios (BIOprospecTA) com a área de farmacologia e com as empresas. “Um país com uma biodiversidade tão rica precisa alcançar produtos de alto impacto”, disse Vanderlan da Silva Bolzani, do Instituto de Química de Araraquara da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e coordenadora da rede.
Deverá ser ampliada a ênfase em temas como a mitigação dos impactos causados pela agricultura na biodiversidade. “A agricultura é um grande agente modificador do ambiente e essa área envolve conflitos cada vez mais relevantes”, diz Luciano Verdade, professor da Esalq-USP e membro da coordenação do Biota. “Mitigar estes impactos significa agregar valor conservacionista à agricultura”, afirma. Também participam da coordenação Célio Haddad, do Instituto de Biociências da Unesp, em Rio Claro, e Mariana Oliveira, do Instituto de Biociências da USP. Todos os membros da coordenação lideram projetos temáticos no âmbito do Biota.
Outra prioridade será a aproximação do Biota com outros programas da FAPESP, como o de Pesquisa em Bioenergia (Bioen) e o de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas Globais (PFPMCG). “Estamos planejando uma discussão conjunta entre os três programas para identificar as sobreposições e estimular a integração de projetos”, afirma Joly. O Biota passará a fazer chamadas para áreas geográficas ou temáticas específicas. “As chamadas são um instrumento importante para preencher lacunas, direcionando a demanda de participação para determinadas áreas”, diz o coordenador.
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