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Citricultura

Diagnóstico precoce

Empresa de biotecnologia cria teste para identificar morte súbita dos citros

EDUARDO CESARDoença atinge mais de um milhão de pés de laranjasEDUARDO CESAR

Uma forma rápida e precoce de fazer o diagnóstico da morte súbita dos citros (MSC), uma nova e misteriosa doença que ameaça a citricultura paulista e do sul de Minas Gerais e é capaz de matar em semanas um pé de laranja, deve ser oferecida aos produtores em breve. A Alellyx, empresa privada de biotecnologia ligada ao grupo nacional Votorantim, desenvolveu um teste que permitiria descobrir se uma árvore foi infectada pelo agente causador da morte súbita – provavelmente uma mutação do antigo vírus da tristeza dos citros, doença que, na década de 40, dizimou 80% da citricultura paulista – antes de os primeiros sintomas da moléstia se manifestarem. “Nossa idéia é fechar um acordo de prestação de serviço com o setor para aplicarmos o teste numa amostra representativa dos laranjais do estado”, diz Fernando Reinach, presidente da Alellyx, que estima o custo de uma empreitada de tal porte em alguns milhões de reais.

Sopa de vírus
Segundo Reinach, os pesquisadores da empresa desenvolveram um novo método de seqüenciamento de misturas de vírus. Isso foi importante porque o patógeno da MSC não parece ser uma simples mutação do antigo vírus da tristeza, mas, sim, uma “sopa” de diferentes vírus mutados. “Conseguimos identificar as mutações”, afirma ele. Hoje, o diagnóstico da MSC é sempre tardio. Podem se passar dois anos entre o momento da entrada do patógeno na árvore e o aparecimento dos sintomas, como a perda de brilho nas folhas da laranjeira decorrente do entupimento generalizado do sistema de condução da seiva elaborada da copa para as raízes. Nesse momento, a planta já apresenta queda na produtividade e, se nada for feito, caminha para a morte. A MSC já atingiu mais de um milhão de pés de laranja no sul de Minas e São Paulo, causando prejuízos de mais de US$ 20 milhões para a citricultura, que somente no território paulista emprega algo em torno de 400 mil pessoas.

Para o engenheiro agrônomo Marcos Antônio Machado, do Centro de Citros Sylvio Moreira, instituição pública situada em Cordeirópolis, interior paulista, onde também se pesquisa o agente causador da morte súbita e formas de controle da doença, ainda não é possível saber se o teste da Alellyx funciona realmente. “Não há dúvida de que os pesquisadores da empresa são bons, mas não sabemos em detalhes o que eles fizeram”, afirma Machado.

A MSC preocupa e mobiliza. A Secretária da Agricultura de São Paulo e a FAPESP buscam formas de cooperação para combater a doença. No início do ano, uma força tarefa foi criada para estudar a etiologia da doença, definir características da epidemiologia e desenvolver formas de controle. Uma das alternativas consideradas pela força tarefa é a substituição do porta-enxerto. Esta solução, no entanto, poderia ter impacto negativo nos custos de produção do citro. Ao mesmo tempo em que se busca acelerar as pesquisas, a FAPESP organiza um encontro entre pesquisadores de diversas instituições envolvidas nesta investigação para definir estrutura de ação mais eficaz.

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